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Sem vergonha de se arrepender

 

Tenho notado mais e mais pessoas arrependidas do voto em Bolsonaro. Faz parte. A democracia é um aprendizado contínuo, interminável, e a decisão de escolher um candidato se submete a diversas condições e circunstâncias. Por isso é que discordo quando se ataca alguém por ter votado neste ou naquele. Sou mais por atuar, usando métodos democráticos, para que a pessoa vote melhor da próxima vez.

Reconhecer um erro, em qualquer momento da vida, é sempre um ato nobre. Admitir a hipótese de ter agido incorretamente, e com isso prejudicado outras pessoas, nos enriquece como seres humanos. Permite que tentemos nos corrigir e, quem sabe, beneficiar a quem um dia prejudicamos. Com isso, ajudamos a nós mesmos, já que ninguém em sã consciência pode querer viver para fazer o mal.

Claro, estou aqui falando entre pessoas do bem, que – concordo – podem não ser a maioria.
 
Para mim, a capacidade sincera de arrependimento é uma das diferenças essenciais entre nós, meros mortais, e os políticos (a maioria deles). Quando foi a última vez em que vimos um político reconhecer um erro em público? Alguns até o fazem em livros de memória, bem depois de terem saído de cena, quando o arrependimento já não tem valor para a sociedade. Mesmo assim, é raridade.
 
Pior do que se arrepender é
inventar narrativas. Ou encobrir
erros de políticos incompetentes.
 
Eleitores têm todo o direito – diria até a obrigação – de reconhecer que erraram na escolha de seus governantes. Há países que adotam o instituto do recall, em que a população pode votar para tirar o mandato de um eleito que não esteja agradando. 
Quem reconhece o erro sinaliza para amigos, colegas e parentes que teve a capacidade de informar-se melhor, refletir e concluir que aquela não fora a decisão correta. Ninguém precisa ter vergonha de assumir um voto errado, ao contrário, o arrependido deve se orgulhar dessa atitude.
Pior, muito pior, é perceber que errou e esconder. Ou distorcer a história (“criar uma narrativa”, como virou moda) para encobrir o erro. Ou ainda “passar pano” para seu bandido de estimação. 
Diante de tudo que temos visto nos últimos 18 meses, me parece que narrativa nenhuma é capaz de ocultar o fracasso retumbante do governo eleito em 2018, seja do ponto de vista econômico, moral ou da saúde pública. Além das mortes noticiadas dia após dia, consequência direta da política da “gripezinha”, basta a constatação de que os principais ministérios – Educação, Saúde, Justiça, Relações Exteriores – estão à deriva. Seus responsáveis se revelam totalmente despreparados, agravando ainda mais os problemas que já tínhamos nessas áreas (e que não eram poucos). Qualquer historiador isento há de concordar que nunca houve no país uma conjunção tão desastrosa de fatores. 
 
Pelo bem de seus (e dos nossos) filhos e netos, eleitores de Bolsonaro merecem parabéns por se arrependerem e buscarem alternativas melhores para as próximas eleições. 
Só espero que não ajam como seus contrapartes petistas, que até hoje não reconheceram os desastres de seus governantes. Ao contrário, alguns deles defendem que, se voltarem ao poder, sejam adotadas as mesmas políticas que levaram ao caos de cinco anos atrás, e que já provocaram tanto sofrimento. 
Aí, é porque não aprendem mesmo.
Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Não temos em quem votar pois qualquer um que colocarmos lá dentro sairá do nosso meio e nosso meio é podre.Vejam esta última eleição.. Foram trocados um monte e todos se parecem com os que saíram.

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Orlando Barrozo

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