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Adeus à raposa do século 20

 

Todo fã de cinema tem uma dívida de gratidão com a 20th Century Fox (apenas “Fox”, para os íntimos). Várias gerações aplaudiram e vibraram com seus filmes no cinema e no vídeo, numa trajetória que está completando 105 anos. Pois a Disney, hoje dona do estúdio, decidiu acabar com a Fox; bem entendido, retirar as três letras do nome, que agora passa a ser um insosso 20th Studios. Não veremos mais o famoso logotipo na abertura dos filmes, portanto.

Na verdade, não foi agora. Desde o ano passado, quando pagou US$ 71 bilhões pelas propriedades de cinema, vídeo e televisão do grupo, a Disney ficou proibida de usar a marca Fox. A 20th Century Fox Studios foi aposentada em janeiro, assim como a Fox Video. Agora, chegou a vez da Fox Television, que passa a ser apenas Touchstone Television. Curioso terem mantido o “20th”, referência ao século 20, em vez de mudarem logo para 21th. Talvez nunca se saiba por que. 

As mudanças foram combinadas com Rupert Murdoch, magnata da mídia que havia comprado a Fox em 1984, num delírio típico de magnatas. Com o acordo do ano passado, Murdoch ficou com as divisões que não têm a ver com cinema: Fox News, Fox Sports e o canal Fox Channel. Nada mais pode ter as três letrinhas.

A saga da 20th Century Fox não tem igual na história do show-business. A partir de 1935, sob a direção de um gênio chamado Darryl F. Zanuck, se tornaria uma das “big five”, as cinco produtoras que nos anos 30/40 transformaram Hollywood no que todos sabemos (as outras quatro foram MGM, RKO, Paramount e Warner); Columbia, Universal e Disney eram consideradas menores na época.

 

 

 

Para começo de conversa, foi a Fox (leia-se Zanuck) quem descobriu Carmen Miranda e Shirley Temple; não descobriu, mas transformou em estrela uma tal Marilyn Monroe, já nos anos 50, mesma época em que se mostrou visionário ao lançar o sistema de filmagem CinemaScope, oriundo da França, que todos os outros estúdios adotaram depois. Nos 60, produziu A Noviça Rebelde, maior bilheteria da década, e nos 70 lançou simplesmente Star Wars

Zanuck, que morreu em 1979 aos 77 anos, era mesmo uma raposa. O estúdio que criou acaba de ser declarado morto, aos 85.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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