Sem muito alarde, a Samsung já iniciou na Coreia a produção de displays QD-OLED, ainda na fase de protótipos, com previsão de entrega no final de 2021. Os leitores mais atentos devem lembrar do que se trata (comentamos aqui há quase um ano). Seria um híbrido de painel orgânico (OLED) com pontos quânticos (QD), teoricamente capaz de reunir o melhor de cada tecnologia.

A primeira notícia saiu no final de agosto no site Business Korea: a Samsung Display (divisão do grupo responsável pelo desenvolvimento de novos tipos de tela) reuniu num evento executivos da própria Samsung e também de Sony e Panasonic para uma primeira demonstração de QD-OLED. O início da produção efetiva desses displays estaria na dependência de pelo menos um dos três fabricantes adotarem a tecnologia em seus novos TVs; nem a própria Samsung ainda decidiu a respeito.

É importante aqui explicar como funciona a indústria de TVs. A Sony, por exemplo, já há alguns anos desistiu de produzir seus próprios painéis, preferindo terceirizá-los para fabricantes chineses e coreanos. As TVs OLED da Sony utilizam painéis da LG. Samsung e LG, líderes mundiais em TVs, anunciaram que a partir de janeiro próximo deixam de produzir seus próprios painéis LCD – mas continuarão fabricante TVs com painéis de outros fornecedores.

A Samsung Display é hoje um dos principais fabricantes de painéis, só que focada em tecnologias emergentes como MicroLED (detalhes aqui). Seu principal cliente, claro, é a Samsung Visual, que produz TVs de vários tipos. A decisão de partir para QD-OLED vinha sendo estudada há anos, desde que ficou claro que os atuais painéis LCD não têm condição de alcançar a qualidade dos OLED. Só que a empresa não admite seguir a mesma estratégia da rival LG, que utiliza os painéis chamados WOLED (com “pixel branco”), alegando que isso degrada a imagem.

Um artigo recente de Barry Young, presidente da OLED Association, publicado no site Display Daily, aumentou a polêmica em torno da decisão a ser tomada pela Samsung. Young, que deve ter boas fontes, escreveu que há um conflito interno no grupo coreano e que o desenvolvimento dos painéis QD-OLED foi feito contra a vontade da maioria dos executivos. Estes alegam que o grupo já tem altos custos com tecnologias diferentes (LED, QLED, MicroLED) e deveria direcionar investimentos para estas três. 

Faz sentido. Mas, se Sony, Panasonic ou qualquer outro grande produtor de TVs quiser apostar em QD-OLED, a Samsung quer estar pronta para ser a primeira fornecedora – antes que algum chinês o faça. 

1 thought on “QD-OLED, mais perto do que parece

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