Só recentemente me dei conta de que estou vivendo sem dinheiro há meses. Digo, sem dinheiro vivo, em espécie. Talões de cheque fazem parte do meu passado, definitivamente. E agora leio, na Folha de São Paulo, que não estou sozinho. Desde março, houve aumento de 6% nas transações com cartão. E a consultoria Euromonitor prevê que, na comparação com 2019, este ano registrará queda de 19% nos pagamentos com notas e moedas.

De fato, um dos consolos diante da pandemia é a possibilidade de se usar cartão (débito e/ou crédito) para quase tudo. Qualquer camelô ou vendedor de pipoca hoje tem a famosa maquininha, quando não o app que permite pagamentos pelo celular. E agora, com o Pix, novo sistema de transferências instantâneas anunciado pelo Banco Central, a tendência é que o dinheiro vivo perca mais espaço.

Num país tão desigual, é interessante pensar que nesses casos – celular e dinheiro eletrônico – a tecnologia é uma valiosa arma contra a desigualdade. Claro, exige-se que todos tenham conta bancária, o que infelizmente ainda não é possível (será, um dia?). Mas, com o surgimento dos bancos digitais – outra evolução tecnológica -, os caminhos são bem menos tortuosos e injustos do que estamos acostumados nos “bancões”. Menos mal.

Transações eletrônicas são mais rápidas e seguras, menos sujeitas a fraudes, que podem ser melhor rastreadas. Que sejam amplas, gerais e desburocratizadas, pois! Só aos burocratas e aos desonestos, aqueles que carregam dinheiro em malas e compram até apartamento em espécie, interessa manter um esquema em que se gasta uma nota, literalmente, para imprimir aberrações como a tal cédula de R$ 200.

E, afinal de contas, o lema deste blog é “tecnologia para tudo (e para todos)”. 

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