Você já deve ter lido por aí: o Brasil é um paraíso para os hackers. No ano passado, foram mais de 20 mil casos registrados, o que quer dizer que o número total deve ser bem maior. Isso envolve empresas privadas, órgãos do governo, tribunais e até elas, as empresas de segurança cibernética (veja neste link).

Um consolo? Não é privilégio brasileiro; aliás, há países de Primeiro Mundo em situação bem pior nesse quesito. Especialistas já identificaram que está em vigor uma espécie de “nova guerra fria”, só que não de armas convencionais, nem com aqueles espiões de óculos escuros, chapéu e casaco de frio, que nos acostumamos a ver nos filmes. Agora, a guerra se desenrola diante de teclados de computador, e é impossível saber onde estão os “soldados”.

A suspeita maior recai sobre a Rússia, e não só porque o país é presidido por um ex-espião da KGB. Se já foi provado que agentes russos interferiram nas eleições presidentes dos EUA em 2016, o que os impediria de continuar agindo no dia a dia? A China também é uma usual suspect, o que nos faz reviver o cenário dos anos 1960/70, quando o mundo se dividia entre capitalismo e comunismo. Com toda a tecnologia disponível, bem se vê que não evoluímos tanto assim do ponto de vista político.

Nas últimas semanas, o mercado de segurança digital andou agitado nos EUA, e ainda não é possível saber se isso tem a ver com a “nova guerra fria”. Em dezembro, um mega ataque de hackers desviou milhões de dados da empresa SolarWinds, especializada em armazenar e proteger informações de algumas das maiores corporações do planeta. Pelos nomes já é possível medir o tamanho do estrago: Intel, Microsoft, Cisco, Nvidia, universidades e órgãos do governo americano (detalhes aqui). Se nem esse pessoal está a salvo, que dizer de nós, pobres mortais?

Na semana passada, um hacker conseguiu invadir o sistema de controle da pequena (15.000 habitantes) cidade de Oldsmar, Flórida, e aumentar em 100 vezes a quantidade de hidróxido de sódio na água que seria distribuída aos habitantes. Felizmente, a invasão foi detectada por um funcionário de plantão, que viu na tela de seu computador o cursor do mouse se mexendo indevidamente e conseguiu bloquear a ação.

Até o FBI foi chamado, mas no momento em que escrevo ainda não há pistas do autor – que talvez tenha agido sozinho, outra característica dos tempos atuais. Ataques como esses podem ser desferidos até a partir de smartphones, que, como se sabe, são verdadeiros computadores de bolso. É quase impossível pegar o criminoso.

Como na série Mr. Robot: Sociedade Hacker, da Amazon Prime, às vezes se tem a impressão de que não há saída para esse tal de ser humano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *