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Está nascendo mais uma gigante de mídia?

 

 

Pense numa empresa de streaming maior que a Netflix. Um conglomerado de mídia que só perca, em tamanho, para a Disney. Agora, pense que você é dono da empresa mais endividada do planeta (mais de US$ 159 bilhões). Como se sente?

Bem, essa é a situação de executivos e acionistas da AT&T, segunda maior operadora dos EUA, após engolirem (e assumirem publicamente, como é obrigatório pelas leis americanas) quase três anos de prejuízos com um mega negócio mal-sucedido: a compra da Time Warner (TW), em 2018, então a segunda maior holding de mídia do mundo.

Nesta segunda-feira, a AT&T confirmou oficialmente as negociações para adquirir o controle da Discovery, marca premium no segmento de streaming, e juntá-la à WarnerMedia, nome atual da TW. Significa que o board da AT&T quer se redimir, entregando a gerência da nova empresa a quem entende do assunto. David Zaslav, atual CEO da Discovery, deve ser o cabeça (head, no atual jargão corporativo) da WMD (WarnerMedia Discovery) – não, a nova empresa ainda não tem nome oficial.

Alguns números e marcas dão ideia de como um negócio como esse é complexo. A WM hoje tem sob seu guarda-chuva as marcas Warner Bros (cinema), Warner Home Video, Warner Channel, HBO, CNN, TNT, DC Comics, Cartoon Network e TBS; Discovery representa – além dos canais de TV paga – um total de 28 marcas, sendo as mais conhecidas Animal Planet, Food Network, HGTV, TCL, Travel Channel, Lionsgate e OWN (canal da apresentadora Oprah Winfrey).

Em 2018, a AT&T pagou US$ 81 bilhões pela TW e renomeou-a WarnerMedia. Só que, em vez de estimular sua expansão num segmento cada vez mais competitivo, o grupo decidiu enxugá-la. Foram mais de 2 mil demissões (só nos EUA), além de uma montanha de dinheiro gasto no processo de aquisição, que durou dois anos, demandou dezenas de ações judiciais e praticamente paralisou a Warner do ponto de vista criativo.

Se o negócio for fechado, a AT&T deverá receber de volta cerca de US$ 43 bilhões, ou seja, amargará quase 50% de prejuízo!!! Analistas do mercado de mídia e entretenimento não parecem muito otimistas, pelo que se viu das reações à notícia nesta segunda-feira. De qualquer forma, a empresa surgida da fusão seria – em faturamento – a segunda maior do mundo, atrás apenas da Disney; ou seja, a mesma posição que a Time Warner já tinha em 2016, quando começaram as negociações com a AT&T.

Difícil pensar num negócio pior para todos os envolvidos (este link traz mais detalhes). Daqueles que têm tudo para render livros, grandes reportagens e quem sabe até um filme ou série de streaming. Que talvez venha a ser exibido na Netflix, na Amazon ou na Disney+.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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