Saiu o primeiro estudo sobre o impacto da inflação global sobre a indústria de TVs. Com Samsung e LG abrindo mão da produção de painéis LCD, todas as atenções se voltam para os fornecedores chineses, sendo BOE, TianMa e TCL os três maiores. Reproduzo abaixo informações do bem respeitado site americano Display Daily, que se baseia em dados da consultoria Sigmaintell, baseada em Pequim.

Não é apenas a inflação. A guerra da Ucrânia e o desequilíbrio no setor de logística, ainda efeito da pandemia, alteraram bastante a situação. No mês passado, tanto Samsung quanto LG decidiram interromper a compra de painéis porque seus estoques estão acima da média habitual. Isso acendeu o alerta na China, fazendo cair os preços desses que são os componentes mais importantes na produção de TVs.

Pode parecer uma boa notícia, mas esses movimentos colocam em risco a estabilidade da cadeia produtiva. A guerra já vinha assustando os consumidores europeus, bem menos consumistas que os americanos, provocando queda nas vendas do varejo. Como os custos de produção subiram com a chamada “inflação de Putin”, os fabricantes não conseguem reduzir os preços.

O estudo indica que isso só se normalizará quando forem normalizados os estoques de painéis dos fabricantes. Mas isso, evidentemente, não tem data para acontecer – até porque a guerra continua, afetando a distribuição de petróleo, gás e as estruturas de distribuição.

Um efeito colateral é que, pela primeira vez na história, está caindo a procura por telas grandes, que vinha aumentando consistentemente há quase dez anos. A explicação é que esses TVs têm custo de transporte mais alto, o que se reflete no preço final. A Sigmaintell conseguiu – não sei dizer como – calcular o tamanho médio das TVs vendidas no primeiro semestre do ano: 47,7 polegadas. No mesmo período de 2021, a média era de 52,2″, com perspectivas de chegar a 55″ este ano.

A dúvida agora é saber como o governo chinês irá administrar esse princípio de crise. Há também a expectativa sobre os novos desdobramentos da guerra (e seus efeitos sobre a inflação). E, do lado otimista, o possível impacto da Copa do Mundo sobre os consumidores. Este segundo semestre promete.

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