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Grandes marcas setentonas

O ano de 1953 marcou o nascimento de duas empresas que fizeram (ainda fazem) história no mundo do áudio: Harman e Marantz. Trilhando caminhos diferentes, inclusive do ponto de vista societário, ambas chegam em 2023 aos 70 anos e ainda como referências para consumidores e profissionais de áudio mundo afora.

Em 2013, quando Sidney Harman faleceu, aos 92 anos, prestamos aqui uma pequena homenagem a esse que foi um dos grandes visionários da indústria eletrônica. Sua empresa nasceu de uma sociedade com Bernard Kardon, daí o nome Harman Kardon, que só em 1980 foi alterado para Harman International. Kardon, que deixou a empresa em 1959, cuidava de todo o desenvolvimento e produção, enquanto Harman era considerado um mago das vendas e do marketing.

Uma de suas maiores sacadas foi adquirir, em 1969, o controle da JBL, tradicional fabricante de caixas acústicas, transformando-a em marca internacional. Além de produtos de consumo, a JBL se tornou fornecedora de inúmeros estúdios de grandes gravadoras e praticamente “inventou” o mercado de PA, desenvolvendo sistemas para shows ao vivo. Aqui, um resumo dessa saga. Em 2016, três anos após a morte do fundador, a Harman foi vendida à Samsung por US$ 8 bilhões, até hoje a cifra mais alta já paga por uma empresa de áudio.

Passando de mão em mão

A história da Marantz é, digamos, mais tumultuada. O fundador, Saul Marantz, é até hoje reverenciado como um dos gênios da história do áudio. Isso ficou claro em julho último, quando a empresa organizou uma série de eventos nos EUA e no Japão para comemorar seus 70 anos. Compareceram representantes de toda a indústria, inclusive concorrentes, e também do setor artístico, reconhecendo a importância do trabalho do fundador.

Marantz era engenheiro e músico, e como tantos outros visionários achava que os equipamentos de áudio da época não reproduziam a música com fidelidade. Apesar do prestígio alcançado (o amplificador Marantz Model 9 foi usado pela Nasa durante missões espaciais nos anos 60), Saul não era bom de finanças e foi obrigado a vender parte do negócio em 1964; dois anos depois, percebendo o avanço dos fabricantes japoneses, decidiu transferir a produção para Tóquio, em parceria com um grupo chamado Standard Radio, mais tarde renomeado Marantz Japan.

Naquele período, a marca se consolidou junto ao público audiófilo, ganhando diversos prêmios e se tornando ícone do áudio nos anos 70. Mas, em 1980, em meio a dificuldades financeiras e já sem a presença de Saul, a Marantz foi vendida para o grupo Philips, que a comercializava como sua marca premium. Quando Saul morreu, em 1997, a Philips já parecia arrependida do negócio, que foi devolvido aos japoneses em 2001. Na sequência, a Marantz Japan uniu-se a uma tradicional marca japonesa, a Denon, formando a D&M Holdings.

A D&M manteve o controle das duas marcas, mais a americana Boston Acoustics, até 2017, quando foi adquirida pelo grupo americano Sound United, que hoje é dono também de marcas conhecidas como B&W e Polk Audio. Também não foi muito longe. No ano passado, o Sound United passou ao controle do grupo Massimo, também da Califórnia, cujo negócio principal é equipamentos médicos!

O velho Saul, que só queria produzir equipamentos de áudio hi-fi, não teve o desprazer de ver sua criação passar por tantas idas e vindas.

Mesmo assim, parabéns às duas marcas septuagenárias.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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