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TCL e Hisense questionadas na Justiça dos EUA

Não deve ter sido coincidência, mas fato é que dois consumidores americanos – um da Califórnia e outro de Nova York – acionaram a Justiça esta semana contra fabricantes chinesas de TVs. Stephan Herrick acusa a TCL de anunciar como QLED modelos que na verdade não possuem a película de pontos quânticos. E o novaiorquino Robert Macioce diz o mesmo da Hisense, após ter adquirido uma TV da marca em novembro último. Curioso que nas ações, que correm em cortes independentes, os dois citam conhecer outros usuários que têm as mesmas queixas.

Os casos foram relatados pelo site CE Pro (aqui), com detalhes que não se sabe se os juízes irão levar em conta. Mas, se forem confirmados, a reputação das duas marcas correrá sério risco. Na China, TCL e Hisense são competidoras ferozes, mas como sabemos a conquista do mercado americano – ainda o maior do mundo em volume de dinheiro – é um objetivo comum de todos os fabricantes chineses.

Na petição de Herrick, são citados três modelos da TCL (Q651G, Q672G e A300W) que de fato aparecem nas divulgações como “QLED”, como neste link. Essa última é o que o fabricante chama NXTFRAME, lançada para concorrer com a Samsung The Frame (com moldura que pode ser trocada). Herrick alega que “laboratórios independentes” (não mencionados) testaram esses modelos e não encontraram nos painéis os materiais índio e cádmio, que compõem a estrutura dos Quantum Dots (pontos quânticos). O reclamante diz que essas TVs são mais caras que as LED convencionais e que, se soubesse do problema, não teria comprado.

Reembolso e proibição de anúncios

Os crimes alegados seriam conduta fraudulenta, negligência na apresentação dos produtos e enriquecimento ilícito. Na ação aberta em N.York, as alegações são semelhantes. Macioce cita os modelos QD5, QD6, QD65, QD7, U7 e U7N, tendo adquirido o primeiro após ver a descrição no site da Best Buy (clique aqui). Assim como no primeiro caso, ele argumenta que outras pessoas também fizeram compras acreditando nas informações “falsas” e pede duas coisas: reembolso dos valores pagos e que a Hisense seja proibida de continuar veiculando anúncios daqueles produtos.

Ken Hong, porta-voz da Hisense nos EUA, comentou que a empresa defende a “qualidade de seus produtos” e que a ação é “sem mérito”. Já a TCL foi mais enfática, divulgando no próprio site CE Pro um comunicado que, em resumo, diz acreditar na “qualidade e valor superior” de seus produtos, sem especificar as alegações de Herrick. E promete respondê-las durante o processo.

Vale lembrar que as duas marcas chinesas vêm crescendo expressivamente no mundo inteiro, ameaçando a liderança das coreanas Samsung e LG. Os episódios podem perfeitamente fazer parte dessa, digamos, guerra comercial. Mas a legislação americana é muito rígida em questões de defesa do consumidor, como já se viu em inúmeros casos. As empresas terão de provar (mesmo) que as alegações não têm base técnica.

Pelos testes que já fizemos, é muito fácil distinguir entre TVs com e sem pontos quânticos. A película provoca expansão das cores, que se tornam bem mais vivas, especialmente quando os níveis de brilho são bem modulados, o que não acontece com as LED convencionais, que são mais baratas. Não sabemos ainda se algum modelo comercializado no Brasil apresenta os problemas relatados. Vamos averiguar.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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