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Política industrial é isso?

É crescente o clima de disputa entre as áreas do governo incumbidas pelo presidente Lula de definir uma política industrial para o País. Há os que desejam sinceramente leis que incentivem o desenvolvimento e a maior inserção do Brasil na economia mundial. Mas há também os que defendem medidas protecionistas e subsídios a setores específicos. E, como sempre, há os que gostariam de tirar proveito, qualquer que seja a política adotada.

Segundo a Agência Brasil, que divulga as atividades do governo, Lula determinou que seus ministros discutam e apresentem sugestões para implantar uma política industrial, algo que o País não tem desde os tempos da ditadura militar. Só que, na visão de Lula e seus assessores mais influentes, essa política passa por utopias como instalar fábricas de componentes eletrônicos. Quando decidiu reduzir os impostos para incentivar as vendas de computadores, o governo pensou que isso iria estimular a indústria nacional, o que de fato ocorreu. Só esqueceu que, para produzir, esses fabricantes precisam comprar componentes que só existem (a preço acessível) na Ásia.

O aumento das importações, que em 2007 gerou déficit comercial superior a US$ 8 bilhões, assusta setores do governo, que querem porque querem impor restrições. Vejam que primor este trecho tirado de um boletim da Agência Brasil: “Com investimentos do Ministério da Ciência e Tecnologia na ampliação da capacidade da indústria nacional, o governo quer reduzir em 60% as importações de componentes eletrônicos do país até 2010”.

Investimentos? Será que esses caras sabem quanto custa montar uma fábrica de componentes? Receio que se esteja querendo reviver a era da “substituição das importações”, dos anos 60/70, que até foi positiva para o País no início mas depois revelou-se um desastre total, gerando – entre outros males – a célebre reserva de mercado para informática. Se for isso, vamos continuar andando para trás.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Chega de Subsídios e Câmbio desvalorizado.Isso nunca deu certo,aliás deu certo somente para os espertinhos tipo Eugênio Staub,Matias Machline e outros

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