Difícil responder a pergunta acima. Em entrevista esta semana, o presidente da Positivo, Helio Rotenberg, diz que sua empresa foi a campeã, mas lamenta o fato de que, na sua opinião, os números de venda do chamado set-top-box foram decepcionantes. “Não foram mais de 20 mil”, disse ele, referindo-se apenas às primeiras semanas após o lançamento, em 2 de dezembro, e admitindo que hoje as vendas são praticamente zero – tanto que a Positivo está interrompendo o fornecimento do produto.
A culpa, segundo Rotenberg, é das emissoras, que não souberam colocar na cabeça do telespectador as vantagens da TV Digital. Admitindo parte dessa culpa, o Fórum da TV Digital anuncia uma nova campanha de divulgação, agora baseada não em anúncios de TV, mas em quiosques espalhados por pontos estratégicos das cidades onde houver transmissão. Ali, o usuário poderia ver de perto o sinal digital e compará-lo com o analógico.
Bem, aos fatos. Primeiro, fabricantes como a Positivo optaram por lançar modelos mais baratos. Em certos casos, a diferença chegava a 50%. Isso, é claro, sempre acontece com sacrifício da qualidade (circulou no mercado a informação de que um desses fabricantes teve que fazer recall devido a defeitos em seu produto). Durante a Super Casas Bahia, em dezembro, quando o assunto fervilhava na mídia, a Positivo foi uma das que mais faturaram – não se sabe se quem comprou ficou satisfeito.
Quanto à responsabilidade das emissoras, sem dúvida houve muita divergência entre elas, até mesmo em relação à data fixada para a estréia da TV Digital (2 de dezembro). Também houve negligência do governo, que se preocupou mais em fazer do assunto uma notícia (melhor seria dizer factóide) do que em ver o real interesse do usuário. Até semanas antes do lançamento, nenhum representante da indústria havia sido consultado pelo Ministério das Comunicações.
É interessante ler, a respeito, a entrevista de Luis Olivalves, coordenador do Fórum, publicada esta semana no IDG Now. Vamos ver se a nova campanha se sai melhor.
