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Direitos do consumidor

A propósito, quero comentar também, de novo, a questão do site Buscapé, acusado de co-responsável pelas vendas de alguns de seus anunciantes, que não honraram compromissos com seus clientes. O leitor Eduardo Heritier acha que “só pelo fato de cobrarem pelo anúncio, eles já são responsáveis. Ou estão lá só para ganhar?”

Caro Eduardo, a discussão é bem mais ampla. Não sei o que a Justiça vai dizer sobre isso, até porque não sou advogado. Mas me parece uma questão de bom senso: quem decide comprar um produto é o único responsável por essa decisão. A menos que tenha sido obrigado a isso. Ou não? Se o produto não foi entregue, veio com defeito ou apresentou problemas depois, é uma questão a ser decidida entre comprador e vendedor.

Vamos a um exemplo prático do dia-a-dia. Eu queria vender meu carro e um amigo o indicou para alguém que queria comprá-lo. Para compensar meu amigo pela indicação, dei a ele uma comissão sobre o valor da venda (digamos, 5%). Só que meu carro estava com defeito e eu não avisei ao meu amigo. A pessoa que comprou, ao perceber que tinha sido enganada, veio falar comigo e eu tive que ressarci-la. Meu amigo não tem nada a ver com isso, certo? Simplesmente intermediou uma negociação, tentando ajudar as duas partes, na melhor das intenções. Se alguém deve ser processado nessa história, sou eu, que vendi um carro com defeito!

É assim que funciona no mundo inteiro. Empresas desonestas existem em todo lugar, assim como consumidores “espertos”. Um veículo de comunicação (no caso, o site, mas poderia também ser um jornal, revista ou emissora de TV), ao vender um anúncio, verifica a idoneidade do anunciante. Mas não tem como garantir se o produto anunciado é bom, nem mesmo se será entregue. É disso que vive a maioria dos veículos. Por isso, aqueles que conquistam credibilidade têm vida mais longa.

Quem compra, deve verificar bem os possíveis riscos. Se a compra não lhe satisfez, pode até se irritar com quem a sugeriu. Mas não pode processá-lo. Se quiser “se vingar”, tem uma outra arma, muito poderosa: parar de acessar aquele site. E prestar mais atenção quando for fazer uma compra.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Agora vamos ver o lado das lojas que não estão na lista das mais baratas. O site induz o cliente para o menor preço. A loja que investiu em showroom, gera emprego, paga impostos e tem nos seus cálculos o custo das soluções pós-venda, certamente terá preços maiores que as lojinhas virtuais e da Sta. Ifigênia . Não que o consumidor tenha que ser punido por tirar vantagens e incentivar a guerra de preços, mas será que ele esperava serviços e produtos de primeira com preços tão baixos? O consumidor é tão ingênuo assim? Tirar vantagens é bom, mas o preço desta vantagem?

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