Categories: Uncategorized

Fogo na TV paga

Como se previa, pegou fogo o Congresso da ABTA, que terminou ontem em São Paulo. Sobraram acusações e insinuações para quase todo mundo. E não foi apenas por causa das cotas de programas nacionais. Há muito dinheiro em jogo. Vejam alguns lances da disputa que envolve emissoras, operadoras, produtoras e governo e que ficaram evidentes no encontro:

*As Organizações Globo continuam dominando a cena. Detêm a maior rede de TV aberta, as duas maiores operadoras de TV paga, a maior distribuidora de sinal (Globosat), enorme influência junto ao governo e ao Congresso e – desde que foi criada a Globo Filmes – a principal fornecedora de conteúdo cinematográfico.

*O Grupo Abril, que é o maior do País no ramo editorial, não consegue fazer decolar sua operação de televisão. A TVA ainda tem muito menos assinantes que as concorrentes, e a MTV – embora tenha prestígio – não sobrevive se ficar muito tempo fora das grades da Net e da Sky.

*A Record é a rede que mais cresce porque não depende de faturamento publicitário e, sim, dos dízimos da Igreja Universal. Vai fazer tudo que puder para derrubar a Globo, inclusive eleger um número cada vez maior de parlamentares.

*A Anatel, esvaziada pelo atual governo, não consegue mais mostrar a razão de sua existência. É cada vez mais refém das emissoras e operadoras, e sua missão constitucional de proteger o consumidor já ficou na poeira há muito tempo.

*Produtores de cinema e de vídeo independentes, claro, querem ter espaço em todas essas emissoras, de preferência com algum tipo de reserva de mercado, e para isso utilizam uma arma que sempre dominaram bem, desde os tempos da finada Embrafilme: o tráfico de influência e a troca de favores com integrantes do governo. Que também adoram esse esquema, pois é aí que podem demonstrar seu poder. Dá para contar nos dedos de uma mão os produtores que colocam em primeiro lugar a qualidade de sua produção, e não os interesses pessoais.

*Programadoras estrangeiras querem aquilo que procuram no mundo inteiro: retorno de seus investimentos. Nenhuma delas está no Brasil para se divertir, nem para perder dinheiro. Todas têm acionistas que costumam zelar por seus dólares ou euros.

*Os políticos… bem, esses dispensam maiores explicações.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Inteligência Artificial não tem mais volta

Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…

2 semanas ago

TV 3D, pelo menos em games

                          Tida como…

2 semanas ago

TV na CES. Para ver e comprar na hora

Para quem visita a CES (minha primeira foi em 1987, ainda em Chicago), há sempre…

2 semanas ago

Meta joga tudo no ventilador

    Uma pausa na cobertura da CES para comentar a estapafúrdia decisão da Meta,…

2 semanas ago

2025 começa com tudo…

Desejando a todos um excelente Ano Novo, começamos 2025 em plena CES, com novidades de…

2 semanas ago

Dolby Atmos em TVs e soundbars

                  A edição de dezembro da revista…

1 mês ago