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TV no celular para todos. Mesmo?

Quase ninguém divulgou, mas portarias publicadas no dia 30 de dezembro pelos ministérios de Ciência e Tecnologia e de Indústria, Comércio e Desenvolvimento obrigam todos os fabricantes de celular a fabricar pelo menos um modelo com capacidade de receber sinal de TV Digital. A data-limite é 1 de janeiro de 2010: a partir daí, pelo menos 5% da produção de cada fabricante terá que trazer o recurso.

Bom para o consumidor? Nem tanto. Atualmente, apenas duas empresas mantêm em linha celulares com o chip 1-seg, aquele que permite receber o sinal das emissoras (em baixa resolução). A Samsung foi a primeira, seguida pela Semp Toshiba. Não sei a quantas andam as vendas, mas imagino que sejam restritas, pelo preço dos aparelhos. Como se previa, as operadoras não vêm dando incentivos à compra desses celulares, ao contrário do que fazem com a maioria dos outros modelos. O motivo é simples: elas não ganham nada quando você fica assistindo TV no celular; o sinal é aberto, circula pelo ar e não há como cobrar por esse serviço. Que vantagem Maria leva? devem se perguntar os executivos das teles.

Sem incentivo, o custo fica impraticável para a maioria dos mortais. Bem, mas a portaria está em vigor, pelo menos por enquanto, motivando reuniões e mais reuniões entre representantes do governo e dos fabricantes.  Se a regra for tomada ao pé da letra, estes podem ser excluídos do chamado PPB (Processo Produtivo Básico), que dá isenções fiscais a quem produz na Zona Franca de Manaus. E o mais engraçado é que as portarias estabelecem que os celulares deverão conter também o middleware do Ginga (aquele da interatividade, que comentei aqui ontem).

Ora, se nem o governo sabe quando esse middleware estará disponível, como obrigar os fabricantes a incluí-lo em seus produtos. São as coisas de um projeto (o da TV Digital brasileira) mal conduzido desde o início, movido por interesses políticos e sem levar em conta as necessidades do consumidor.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Governo obrigando empresas a produzir um produto? Não chegamos ainda em 1º de Abril!!!

  • Olá Orlando, gostaria de saber mais alguns detalhes, fiquei curioso com a matéria. O que é e como funciona exatamente esse chip 1-seg? E por que então as companhias estão indignadas com a resolução? Parece ser um tema bem polêmico pelo jeito

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