Critiquei tantas vezes o ministro das Comunicações, Helio Costa, que agora me sinto na obrigação de elogiá-lo, ainda que com ressalvas. O ministro criticou a proposta, defendida publicamente pelo presidente Lula, de aliviar a fiscalização das chamadas rádios comunitárias. Atendendo a reinvindicação das centrais sindicais, que têm emissoras como essas espalhadas por todo o País, Lula disse que irá reduzir as exigências para funcionamento delas e, além disso, acabar com a “perseguição” que sofrem.
Helio Costa diz ter sido voto vencido na discussão do assunto. “Há setores dentro do governo que entendem que o crime não é tão grave para permitir a prisão das pessoas”, comentou. Evidentemente, o ministro representa os interesses das grandes emissoras. Sempre foi assim. Mas não é por isso que a idéia é absurda. Como se sabe, no Brasil há pouca ou nenhuma diferença entre “rádio comunitária” e “rádio pirata”. As duas categorias não são legalizadas junto à Anatel, não pagam impostos e – pior do que tudo – emitem sinais que interferem em atividades essenciais do País, como tráfego aéreo, segurança e hospitais. Sem falar que muitas hoje trabalham para o crime organizado e para a proliferação de igrejas pseudo-evangélicas que enganam milhões de pessoas.
Parabéns ao ministro. E uma pergunta ao presidente: quem será responsabilizado no dia em que um avião cair por culpa de interferência de uma rádio dessas?
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