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Ginga, por bem ou por mal

O presidente do Fórum da TV Digital, Frederico Nogueira, parece bem determinado. Em entrevista ao site Convergência Digital, ele declara com todas as letras: “Em abril, a gente fecha o assunto interatividade para o bem ou para o mal, com ou sem unanimidade”. Nogueira se refere às divergências dentro do Fórum, que como se sabe é composto de representantes do governo, das emissoras e dos fabricantes de equipamentos. Lá tem gente que é totalmente a favor da interatividade na TV Digital, mas também há os que são absolutamente contra – pelo menos, nos moldes em que está sendo proposto.

Embora Nogueira seja representante de uma emissora (no caso, a Band), nem todas as emissoras querem interatividade. Ninguém ainda descobriu como ganhar dinheiro com isso, e se não houver um modelo de negócio viável, nada feito; aliás, a interatividade ainda não foi aplicada comercialmente em nenhum país. Para os fabricantes, talvez seja um bom negócio produzir conversores com o Ginga integrado, mas depois da experiência inicial com o lançamento da TV Digital a maioria das empresas está pessimista quanto a isso. Ainda mais num cenário de recessão.

Outro problema é a verdadeira sopa de letras em que se transformou o assunto. A própria palavra “Ginga”, quando foi criada, trazia a intenção de ser algo facilmente assimilável pelos usuários. Mas, quando se tenta estudar tecnicamente a questão, cai-se num emaranhado que confunde até os especialistas. Por fim, há a questão dos royalties. A Sun Microsystems adaptou o projeto inicial, elaborado pela Universidade da Paraíba (junto com outros setores da Academia) e que se baseava no MHP (Multimedia Home Platform), base do padrão europeu de TV Digital. A Sun diz que não vai cobrar royalties por isso, mas nos bastidores do mercado ninguém acredita nisso – o próprio governo não quer correr riscos.

E assim vamos levando. Dia 23 de março, o módulo técnico do Fórum deve apresentar seu parecer. Depois, se aprovado, a proposta da Sun vai para a fase de testes, que deve levar pelo menos alguns meses.

Ou seja, o sr. Nogueira está sendo, no mínimo, extremamente otimista.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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