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Multiprogramação na TV Cultura-SP

Neste domingo, a TV Cultura de São Paulo estreou dois novos canais digitais: Univesp, voltado à educação, e Multicultura, que pretende exibir apenas atrações culturais, como concertos, peças de teatro, filmes de arte etc. O Univesp é projeto antigo e, na minha opinião, uma grande idéia: fornecer informação qualificada a professores e educadores de nível superior. A iniciativa é do governo do Estado e visa basicamente o público interno nas três universidades paulistas: USP, Unesp e Unicamp. Mas bem que poderia ser ampliada para outros níveis de ensino. Seria uma ótima forma de aproveitar a concessão de um serviço público, como é um canal de TV, dando ao contribuinte o retorno pelos impostos que paga.

Tecnicamente, a Cultura-SP inaugura no Brasil o conceito de multiprogramação, que até agora estava apenas nas intenções. O governo federal, sempre defendendo as emissoras comerciais, tem feito pouco ou quase nada para estimular esse uso alternativo do espectro digital. Desde a implantação da TV Digital em São Paulo, em dezembro de 2007, o presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun, responsável pela TV Cultura, já afirmava que não investiria em alta definição, preferindo apostar na multiprogramação. Os dois serviços são quase incompatíveis: cada emissora precisa escolher entre gerar sinal HD, que consome muita banda, e manter vários canais simultâneos, mas todos em resolução SD (igual à do DVD). 

A Cultura, como emissora pública, faz a opção certa. Resta saber se terá apoio para continuar nesse caminho e até ampliá-lo. Não vai ser fácil, devido às enormes pressões políticas de uma emissora mantida com dinheiro do governo. Dias atrás, José Henrique Reis Lobo, conselheiro da Fundação Padre Anchieta, denunciou o que considera “elitização” da programação da emissora, cujos índices de audiência são irrisórios. “Não tem sentido fazer televisão para ninguém ver”, disse ele, em carta enviada aos demais conselheiros. Uma crítica que precisa ser avaliada, ainda mais com a introdução da multiprogramação. Afinal, se a audiência já é baixa com um canal só, que dirá com dois, três ou quatro?

Pelo jeito, a discussão vai longe.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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