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Renasce o velho vinil

Em pequenas lojas de disco paulistanas, já é possível perceber um revival do vinil. Em parte, isso se deve a velhos colecionadores, que fazem circular seus LPs, vendendo ou trocando raridades, com ajuda da internet. Mas não se trata de um movimento de idosos saudosistas. Não. Grandes redes como Livraria Cultura e Saraiva estão (re)incorporando o vinil a suas prateleiras, com isso chamando a atenção de um público novo, e daqueles que já haviam se desacostumado dos famosos bolachões. A própria MTV criou em seu site o Viva o Vinil, um blog dedicado ao assunto – onde, aliás, li que a Polysom, única fábrica de vinil remanescente no País, foi comprada por um dos sócios da gravadora DeckDisc, que pretende reativá-la em breve. Acompanho ainda com interesse o trabalho do músico Charles Gavin, que há anos se dedica a escarafunchar os arquivos das gravadoras em busca de preciosidades que possam ser relançadas. Gavin há pouco lançou um livro chamado “300 Discos Importantes da Música Brasileira”, cujo título já diz tudo (não, esqueça os grandes hits, são preciosidades mesmo).

Toco no assunto a propósito de duas notícias que li recentemente. A rede BestBuy, maior de eletrônicos dos EUA, está abrindo em suas mais de 1.000 lojas seções dedicadas ao vinil. E uma pesquisa recém-divulgada nos EUA dá conta de que as vendas de LPs não estão sofrendo os efeitos da crise. Em 2008, foram vendidos no País, segundo a empresa de pesquisas Nielsen SoundScan, 1,88 milhão de discos desse tipo, o que representou aumento de 89% sobre as vendas de 2007. Já este ano os americanos adquiriram um total de 670 mil LPs apenas entre janeiro e março; ou seja, a continuar nesse ritmo os EUA chegarão ao final do ano com quase 3 milhões de unidades vendidas. Enquanto isso, as vendas de CDs despencam…

Interessante é que o site AudioVideo Revolution pesquisou o preço médio desses discos: 23 dólares na cidade de Los Angeles, contra US$ 14 de um CD. Ou seja, o pessoal está preferindo pagar mais caro por um LP! Explicação mais plausível que encontrei: um CD, qualquer pessoa pode copiar em MP3; um LP é (um pouco) mais complicado. Outra razão: os jovens estão descobrindo que os bons LPs de antigamente continham idéias por trás das músicas, coisa rara hoje em dia. Ah! Sim, e as capas, que em muitos casos eram obras de arte até mais importantes que o conteúdo dos discos.

Bendito renascimento!

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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