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Festival de panes

Mais um ótimo levantamento do site IDG Now, divulgado nesta quinta-feira, mostra (na verdade, confirma) que o usuário brasileiro de banda larga está longe de ser bem servido. A propósito da última “pane” do serviço Speedy, que atingiu milhares de usuários esta semana, a repórter Daniela Braun enumera os diversos casos do gênero já registrados, para concluir que o problema está na falta de concorrência no setor. Vários analistas entrevistados dão subsídios para reforçar essa tese, que eu particularmente venho defendendo desde a privatização das telecomunicações, há mais de dez anos. Do jeito que tudo foi feito, com as exigências colocadas e as decisões fechadas a um seleto grupo de influência junto ao governo, só podia mesmo dar no que deu. 

Não sou daqueles que criticam a privatização em si, como se fosse apenas uma negociata igual a tantas que os governos em geral conduzem. No atacado, considero que foi uma ótima decisão ter tirado as telecomunicações das mãos estatais, até porque estas quebraram todas (ou quase). Não havia dinheiro público que chegasse para financiar a expansão do setor, que era fundamental para o desenvolvimento do País. E, por outro lado, havia grandes investidores interessados. Não tenho saudade nenhuma dos tempos em que era preciso esperar dois ou três anos para comprar uma linha telefônica, que custava o preço de um carro! Esse tempo, felizmente, passou.

No entanto, os idealizadores da privatização criaram tantas regulamentações que o mercado ficou restrito a poucos grupos. Substituiu-se assim o monopólio estatal por um oligopólio privado/estatal – como se vê no caso da Oi/Telemar, o governo continua dando as cartas no setor. As coisas só se complicaram no atual governo, que desmantelou as estruturas de fiscalização para dar cargos a seus apadrinhados políticos. E esse é o quadro hoje. Qual será a solução: estatizar tudo de novo? É incrível, mas tem gente defendendo essa idéia.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Oi Orlando,
    Eh incoerente sendo estatiscamente viavel que os brasileiros, a 4a. nacao maior de numeros internautas do mundo, ainda nao tenham a banda larga em larga escala. No entanto, o que emperra a rapidez e a agilidade do efeito satisfatorio deste servico eh a logistica e a briga ferrenha atras das cortinas entre o governo dos estados e as empresas envolvidas. Sempre quando uma coisas nao anda... eh que tem gente que nao tem "gasolina" suficiente no tanque...Dinah

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