Categories: Uncategorized

Um passo à frente (ou não?)

O Brasil está próximo de dar um grande passo na direção do futuro. Um passo tardio, mas de qualquer forma um passo. Augusto Gadelha, secretário de Tecnologia da Informação do Ministério das Comunicações (e, dentro do Ministério, um dos homens que mais entendem do assunto), acaba de fechar um acordo com a SID (Society for Information Display) para que o País assuma posição de liderança no desenvolvimento de displays. Esta semana, durante a convenção anual da SID, realizada na Califórnia, Gadelha saiu aplaudido de um encontro em que o Brasil foi saudado como país-líder na América Latina. O acordo prevê uma estreita colaboração do governo brasileiro com a SID para, finalmente, implantar aqui uma política tecnológica digna desse nome. Alguns pontos delineados no encontro:

*Envolver órgãos do governo, universidades, indústria e institutos de pesquisa para definir essa política;

*Identificar projetos de R&D (pesquisa & desenvolvimento, na sigla em inglês) em universidades, centros de pesquisa e empresas, que mereçam ser apoiados pela SID;

*Promover congressos, seminários, workshops e feiras sobre o assunto no País;

*Criar programas de intercâmbio para que técnicos brasileiros possam estudar no Exterior e aplicar seu aprendizado aqui;

*Traduzir o vasto material técnico produzido pela SID (maior autoridade mundial no assunto) para distribuição a empresas e entidades brasileiras.

Como se vê, tudo muito bonito. O comunicado distribuído pela direção da SID fala em “cooperar para criar uma indústria de displays no Brasil”, desconsiderando o que já se faz aqui nesse campo, seja através de empresas nacionais (quase todas importando componentes chineses) ou via multinacionais que detêm suas próprias tecnologias. E comete no mínimo uma ingenuidade, ao afirmar que “desde 2007 o Brasil vem preparando incentivos para a indústria local de displays”; e que o País possui uma política de longo prazo visando o desenvolvimento local das tecnologias LCD e OLED, além de displays flexíveis!!! Mais ainda: que o Brasil atualmente importa TODOS os seus TVs de tela fina, e o governo brasileiro está disposto a financiar e dar isenção de impostos para quem quiser produzi-los aqui.

Confesso que não entendi nada. Vou procurar o sr. Gadelha para que me explique melhor. Se é para financiar a produção, por que isso nunca aconteceu até hoje? E a tal isenção de impostos, como seria feita? E para quem exatamente? De duas, uma: ou o Brasil está tentando enganar o pessoal da SID (com que propósito?), ou em breve teremos boas surpresas por aí.

A conferir.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Até onde chega o brilho das TVs?

Meses atrás, chamávamos a atenção dos leitores para os exageros nas especificações de brilho das…

5 minutos ago

Netflix lidera, mas cai mais um pouco

                  Em outubro de 2021, publicávamos -…

1 semana ago

Inteligência Artificial não tem mais volta

Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…

3 semanas ago

TV 3D, pelo menos em games

                          Tida como…

4 semanas ago

TV na CES. Para ver e comprar na hora

Para quem visita a CES (minha primeira foi em 1987, ainda em Chicago), há sempre…

4 semanas ago

Meta joga tudo no ventilador

    Uma pausa na cobertura da CES para comentar a estapafúrdia decisão da Meta,…

4 semanas ago