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Dicionário ambulante. E onipresente.

Com tantos tipos de telas multicoloridas, altas definições, imagens 3D etc., o produto que mais me encantou na IFA foi o E-reader, da Sony, em versão 3G touchscreen. A possibilidade de carregar centenas de livros no bolso – diz a Sony que a versão top comporta 350! – me parece irresistível. Conversei alguns minutos com Fujio Nishida, presidente da empresa na Europa, a respeito dos planos para esse produto, e percebi como a empresa valoriza a idéia. Não só por ser, de fato, um mercado potencial imenso, mas também porque – se não me engano – desde o Walkman a Sony não aparecia com uma invenção tão original (CD, DVD e Blu-ray foram criações compartilhadas com outras empresas).

Com esse novo leitor eletrônico, que deve sair no mercado internacional até o final do ano, o usuário receberá um “dicionário embutido”, a princípio somente no idioma inglês, mas que no futuro, diz Nishida, será convertido para outras linguas. Quando estiver lendo um texto e aparecer uma palavra mais complicada, bastará clicar nela que uma janelinha se abrirá com seu significado. Simples, não? Mais: com a conexão 3G, será possível baixar na hora o conteúdo de um livro, jornal ou revista que esteja disponível online. Você vai poder ter a “assinatura” de uma grande loja virtual e pagar um valor quase simbólico pelo download de uma obra que, na versão impressa, custaria provavelmente dez vezes mais.

A briga da Sony será, de cara, contra o Kindle, da Amazon, empresa que por ser dona de vasto acervo, leva alguma vantagem. Mas, se pensarmos que existem hoje mais de 100 mil obras em domínio público (não sei quantas no Brasil, mas com certeza são muitas), já é suficiente para encher um e-reader várias vezes. Há ainda um amplo mercado educacional: estudantes, professores, pesquisadores, cientistas – todos têm muito a ganhar com o leitor eletrônico. Um médico, por exemplo, na hora de conferir as características de determinado remédio, não precisará ir à estante e procurar naqueles livros enormes; bastará tocar com o dedo na telinha! Idem um advogado, economista ou engenheiro.

Minha sensação é que estamos diante de uma nova revolução cultural. Espero que façamos bom proveito dela.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Este é sem dúvida um grande salto da Sony: fazer pela literatura o que fez pela música? ótimo! Que os editores e intermediários compreendam as novas mudanças necessárias no mercado editorial: leitura na tela e "print on demand". Estou certo que todos temos muito que aprender e ganhar com o avanço da engenharia.

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