TV Digital do Hemisfério Sul

Não existe, mas bem que poderia: com a adesão do Chile ao padrão nipobrasileiro de TV Digital, estamos bem perto de algo parecido com uma “TV Digital Abaixo da Linha do Equador”. É, sem dúvida, uma vitória da diplomacia brasileira; mais do que isso, uma confirmação da importância crescente do Brasil no Hemisfério. Lembra até uma antiga frase, acho que do ex-presidente americano Lyndon Johnson: “Aonde for o Brasil, a América Latina irá atrás”.

Antes que os críticos do governo venham me chamar de adesista ou algo do gênero, lembro que essa vitória nada tem a ver com competência política ou administrativa. É mera questão de bom senso. Os demais países latinoamericanos (com exceção do México) não têm poder de barganha para negociar com os fabricantes de equipamentos de captação e transmissão de TV Digital, a maioria deles japoneses. Juntando-se ao Brasil, passam a ter. A decisão do Chile é, até certo ponto, surpreendente porque o país já tinha optado pelo padrão europeu, e voltou atrás. Sabe-se lá o que rolou nas negociações… Mas, de resto, é muito mais lógico que todos adotem o padrão brasileiro, pois isso vai representar economia de escala e, conseqüentemente, preços mais baixos.

Evidentemente, o governo brasileiro vai explorar politicamente o episódio (aliás, já está explorando). Mas, na parte que realmente interessa ao usuário, ainda é preciso esperar para ver até que ponto essa redução de custos irá chegar ao preço final dos aparelhos. Para as emissoras, com certeza é uma vantagem. Mas, por enquanto, só isso. O resto, mais uma vez, é pura demagogia.