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Como comprar um TV (3)

Já comentei em outros posts (este aqui, por exemplo) sobre a questão da resolução de imagem, que ainda confunde muitos usuários. Nesta série de comentários sobre a escolha de um TV, não dá para deixar de voltar ao assunto, pois este é talvez o fator mais decisivo na decisão de compra. Antigamente, na era dos TVs de tubo CRT, era fácil se enganar: certos fabricantes divulgavam o número de linhas de resolução obedecendo a suas conveniências de marketing, e para checar a especificação só mesmo abrindo o TV ou utilizando instrumentos de medição. Hoje, só se engana quem estiver muito mal informado.

No mundo de plasmas e LCDs, só existem duas categorias de displays: os de alta definição – cuja resolução máxima é de 1080p – e os chamados HD-Ready (máximo: 720p). Os primeiros são também chamados “Full-HD”, em contraposição ao nome genérico “HDTV” que muitas empresas, e principalmente redes de varejo, adotam. Já cansei de ver anúncios de ofertas utilizando a expressão “TV digital HD”, quando na verdade referia-se a modelos HD-Ready. Basta comparar os números para concluir que há uma enorme diferença na resolução de um e de outro: de 720 para 1080, são 360 linhas a mais. Uso essa numerologia apenas para fixar na memória do leitor a idéia de que, para ter mesmo imagem de alta qualidade, não há alternativa: melhor comprar um Full-HD.

Na verdade, o cálculo é mais complexo. Deve-se multiplicar os números de resolução vertical e horizontal. Na categoria Full-HD, temos 1.920 pixels horizontais e 1080 linhas verticais. Portanto, para cada linha pode-se contar 1920 pixels – se você encostar uma boa lente de aumento na tela do TV poderá até enxergá-los (veja na foto). Multiplicando os dois números, chegamos à resolução total de 2.073.600 pixels, que é o que vale. No padrão standard, temos 720 linhas verticais e 1.280 pixels horizontais. Total: 921.600 pixels, ou seja, menos que o dobro. Conclusão: a resolução de imagem num TV Full-HD é 125% superior!

E a diferença de preço entre, digamos, um TV Full-HD e outro HD-Ready do mesmo tamanho está longe de 125%! Há quem diga que a diferença não é vísível a olho nu, porque dependendo da distância em que se olha a tela e também do tamanho desta, a diferença torna-se menos perceptível. Em TVs menores, realmente é mais difícil perceber. Mas a diferença existe.

Existe ainda a questão de como é formada a imagem em cada tipo de TV. Os LCDs HD-ready, por exemplo, posuem resolução de 1.366×768, enquanto os plasmas HD-Ready têm 1.024×768. Vejam que o número de pixels horizontais é diferente: nos plasmas, são utilizados pixels retangulares, enquanto nos LCDs os pixels são quadrados. A especificação “720p” faz parte do padrão HDTV em todo o mundo, mas na prática os TVs comportam um pouco mais do que isso.

Outro aspecto que deixa muita gente confusa é a questão do processamento da imagem: qual é a diferença entre 1080p e 1080i? Essas letrinhas junto ao número referem-se ao processo de leitura (ou varredura, como se diz no jargão técnico) do painel interno do TV. A letra “p” indica processamento progressivo (progressive scan), enquanto o “i” está relacionado ao processamento entrelaçado (interlaced). Este último foi usado desde a invenção da televisão, mas tecnicamente é inferior ao progressivo. Enquanto no primeiro cada linha que forma a imagem é lida individualmente, numa seqüência de linhas pares e ímpares, no processamento progressivo a leitura é feita por quadros, com os sensores internos do TV varrendo o painel de uma vez só.

Na prática, essa diferença de processamento não deveria produzir imagens tão distintas quando o número de pixels e linhas é o mesmo. Acontece que as imagens transmitidas pelas emissoras sofrem maior compressão, para ocupar menor parte da banda de freqüências disponível; em Blu-ray, com menor compressão, ganha-se muito em detalhamento da imagem. Além disso, já ficou provado que o processamento progressivo é mais eficiente na reprodução de imagens em movimento.

Espero ter tirado as dúvidas dos leitores sobre o item resolução. Nos próximos dias, continuaremos essa viagem por dentro dos TVs. Fiquem atentos.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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