A briga da Google contra o governo chinês, que estourou nos últimos dias de 2009, parece ser daquelas que acabam virando novela. Simplesmente não há saída amigável – pelo menos a curto prazo. Para quem não acompanhou a história: a versão chinesa do site foi invadida por hackers a mando das autoridades chinesas, que espionam pessoas que criticam o regime. A direção da Google não gostou e agora ameaça simplesmente encerrar sua operação no País, um dos poucos onde não consegue liderar – o Baidu, espécie de “Orkut chinês”, é muito mais popular por lá. Os analistas se dividem: há os que defendem a empresa americana por ter a coragem de enfrentar uma ditadura, assim como aqueles que a condenam por querer impor suas regras sobre as leis de um país.
O caso não iria muito longe se não envolvesse o maior parceiro comercial dos Estados Unidos. O próprio presidente Obama entrou na discussão, defendendo a Google, mas tomando o cuidado para não atingir o governo chinês e criar problemas para outras empresas americanas. Gary Shapiro, presidente da CEA (que representa os fabricantes de eletrônicos), é um dos que defendem o velho “muita calma nessa hora”. Em artigo publicado na semana passada no site CNBC, Shapiro lembrou que a China já é o maior fabricante mundial de aço e o maior consumidor de automóveis. Dois “pequenos detalhes” que nem a Google, do alto do seu poder e onipresença, pode ignorar.
Evidentemente, a indústria eletrônica é uma das que mais têm a perder com esse tipo de conflito. Bastou os EUA sobretaxarem a importação de pneus chineses, para as autoridades de Pequim bloquearem o acesso dos chineses a sites como Facebook e YouTube; agora, com a Google endurecendo mais ainda a conversa, que tipo de retaliação se pode esperar? Aguardem os próximos capítulos…
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