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Os novos recursos dos TVs

Já comentei aqui que a maioria dos aparelhos eletrônicos produzidos atualmente têm poucas diferenças técnicas     entre si. Considerando produtos de uma mesma categoria, dificilmente alguém vai poder dizer que este é melhor do que aquele. A explicação é que quase todos os componentes vêm de uma mesma fonte: os milhares de fabricantes da China e Taiwan, que os produzem em quantidades astronômicas e os vendem a preço irrisório. São essas pequenas indústrias que alimentam as grandes marcas japonesas, coreanas, européias e americanas. Para quem se interessar, o processo todo é muito bem retratado no livro “A Cabeça de Steve Jobs“, de Leander Kahney, pois foi a Apple quem levou esse modelo às últimas conseqüências – a tal ponto que as primeiras notícias sobre o lançamento do iPad surgiram exatamente na China, pois os componentes vêm de lá.

Se todos os produtos são iguais (ou quase iguais), o que pode diferenciar um modelo de outro? Coisas como design, usabilidade (palavrinha horrorosa!), simplicidade de uso. Em certo sentido, esses aspectos são até mais importantes do que a qualidade em si, já que estamos falando de produtos da mesma categoria. Não dá para comparar, por exemplo, uma caixa acústica high-end com uma minúscula caixa de plástico que faz parte de um system, certo? Mas as semelhanças entre os aparelhos são cada vez mais visíveis.

Digo tudo isso a propósito de algumas coisas que vi em Barcelona, no evento da Philips, na semana passada. Há uma série de novos recursos sendo incorporados aos televisores, especialmente os LCDs, e quase todos os fabricantes os estão adotando. Antes que alguém que diga que são apenas “perfumaria”, já explico que trata-se realmente de avanços – uns mais importantes, outros menos, mas de qualquer forma, avanços. Alguns são praticamente imperceptíveis a olho nu, mas estão lá, e alguma utilidade têm. O problema é que cada fabricante utiliza uma nomenclatura diferente. Vejam alguns exemplos:

Taxa de renovação da tela – Indica o número de vezes por segundo em que o processador de vídeo do TV faz a leitura de cada quadro da imagem. É expressa em hertz, em múltiplos de 30, pois a base da formação da imagem em vídeo é a freqüência de 30 quadros por segundo. Quanto mais alta a freqüência, melhor a qualidade da imagem. Até pouco tempo atrás, tínhamos apenas TVs de 60Hz; depois, vieram os de 120Hz, hoje comuns, sendo que os modelos mais sofisticados à venda no Brasil trabalham em 240Hz. Nos EUA e na Europa, já existem os de 480Hz (para ser exato, na Europa utiliza-se uma numeração diferente: 100Hz, 200Hz, 400Hz. Isso porque o sistema de televisão europeu utiliza a freqüência-base de 50Hz); aliás, é por isso que a maioria dos TVs vendidos no mercado europeu não funcionam no Brasil (e vice-versa).

Vejam como cada fabricante identifica esse recurso:

Samsung – Auto Motion Plus; Philips – Clear LCD; LG – TruMotion; Sony – Motion Flow

Outro exemplo:

Processador de cores – Circuito dedicado a analisar a intensidade de cada cor e corrigir eventuais distorções. Dependendo de sua eficiência, permite diferenciar sutis variações de cor e eliminar “invasões” entre uma cor e outra, resultando em imagens mais claras. Nos TVs de qualidade inferior, é comum observar um vermelho alaranjado, ou um verde puxando para o azul, e assim por diante. Para garantir a clareza de cada cor e de suas inúmeras tonalidades, o chamado color processor tem que ser de primeira linha.

Mas notem como cada empresa identifica o recurso:

Philips – Color Booster; Sony – Conversor Y/C; Samsung – White Color Enhancer Pro

Um terceiro exemplo é este:

Ajuste da velocidade de quadros – Processador que adapta a velocidade de leitura do sinal de vídeo à forma original desse sinal. Filmes feitos para cinema são rodados originalmente na velocidade 24fps (24 quadros por segundo); material produzido em vídeo é feito em 30fps. Esse ajuste torna mais precisa a reprodução, sem “engasgos” na transição entre um quadro e outro.

Como cada empresa identifica:

Panasonic – 24p Playback; Sony – 24p True Cinema; Philips – 3/2 pull-down

Há outros mais. É só pegar, em qualquer site, inclusive os sites dos próprios fabricantes, a descrição de cada modelo e suas especificações. A propósito, estamos elaborando uma espécie de “manual de instruções genérico”, que inclua todos os recursos. Tem bastante assunto. Aguardem.

 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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