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O preço do prazer

Até o momento, a LG ainda não divulgou quanto custarão seus novos TVs 3D que promete lançar em abril. Não é uma conta fácil de fazer. Não pode ser muito barato, a ponto de prejudicar as vendas dos modelos convencionais; nem muito caro, para não assustar possíveis compradores. Evidentemente, a decisão cabe à empresa, em entendimentos com seus clientes, mas o que quero comentar é a ansiedade brasileira em relação a esse fator: o preço.

Não só aqui, mas em vários outros veículos dedicados à tecnologia, nota-se uma espécie de rejeição automática a quase toda inovação sob o argumento de que “custa muito caro”. Poderia aqui recorrer àquela velha piada (“não é o produto que custa caro, é você que ganha pouco”), mas – falando sério – parece um certo complexo de inferioridade! Desde sempre, tudo que é inovador tem custo alto no início, e vai se tornando mais acessível com a economia de escala. Foi assim com quase todas as novidades que consumimos até hoje: o rádio, a televisão, o videocassete, o DVD, o celular… Pesquisando a história da tecnologia, descobri que em todos os casos as pessoas no Brasil reagiram mal no início, como se achando incapazes de adquirir coisas tão sofisticadas.

É claro que a LG, ou qualquer outro fabricante, não espera vender milhões de TVs 3D este ano, nem talvez no ano que vem. Será um produto de nicho, para poucos, exatamente aqueles que se dispõem a pagar pelo privilégio de serem os primeiros. Isso nada tem a ver com o fato de o Brasil ser ainda um país pobre; mesmo nos países ricos, serão bem poucos os que poderão (ou aceitarão) pagar por essa inovação. Ninguém precisa se sentir inferior por causa disso.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Acho que a "rejeição" inicial a novos produtos se deve principalmente a relação custo X benefíciio. E ao fato de que, na realidade, esses novos produtos não precisariam custar tão caro. Tomemos o exemplo dos televisores de LCD com iluminação por LED. Logicamente não disponho de números, mas duvido que o custo de produção de um TV deste seja muito mais alto que o LCD convencional. A mesma coisa com o 3D: será que há muita diferença entre um aparelho apto a gerar este tipo de imagem e outro que não é? Tenho impressão de que bastaria uma atualização de software nos bons TV's atuais para torná-los "3D Ready". Ou, no máximo, essa tecnologia demande processadores de vídeo um pouco mais poderosos. De qualquer modo, nada que justifique uma diferença gritante de preços para os equipamentos que existem hoje.

  • certamente no Brasil custará muito, mas muito mais caro. E obvio que os fabricantes oportunistas jogarão toda a culpa nos impostos e no custo Brasil, jamais no lucro absurdo que só eles podem ter. Que bom ter um governo assim para poder culpar...

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