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Varejo de gente grande

As repercussões da fusão entre as redes Insinuante e RicardoEletro, anunciada ontem, vão se desdobrar nas próximas semanas e meses. Mas alguns aspectos já podem ser antecipados. É possível afirmar, por exemplo, que o varejo brasileiro vive a melhor fase de sua História, devido à emergência das classes C e D, antes alijadas do consumo de bens duráveis. Dificilmente haverá, neste momento, algum outro país em que o poder das redes varejistas seja tão grande. Não apenas em função do montante de dinheiro que conseguem girar no dia-a-dia, e dos lucros auferidos a partir daí, mas principalmente devido a sua capacidade de negociação com os fornecedores. Como na maioria dos países há uma retração no consumo, os empresários brasileiros do segmento estão numa posição mais do que confortável.

Vejam no quadro abaixo como ficou a configuração das principais redes brasileiras, segundo o Estadão:

1.Casas Bahia + Ponto Frio + Extra Eletro – Faturamento em 2009: R$ 18,5 bilhões; Número de lojas: 1.015. Estados onde atua: SP, RJ, MG, PR, SC, ES, GO, MS, MT, BA e DF; Número de funcionários: 68 mil.

2.Insinuante + RicardoEletro – Faturamento em 2009: R$ 5 bilhões; Número de lojas: 528; Estados onde atua: MG, RJ, BA, GO, DF, PE, CE, AL, AM, ES, MA, PB, PI, RN e SE; Número de funcionários: 15 mil.

3.Magazine Luiza – Faturamento em 2009: R$ 3,8 bilhões; Número de lojas: 456; Estados onde atua: SP, MG, RS, SC, PR, GO e MS; Número de funcionários: 14 mil.

4.Lojas Cem – Faturamento em 2009: R$ 1,6 bilhão; Número de lojas: 181; Estados onde atua: SP, MG, RJ e PR; Número de funcionários: 6.500.

5.Lojas Colombo – Faturamento em 2009: R$ 1,3 bilhão; Número de lojas: 346; Estados onde atua: SP, RS, MG, PR e SC; Número de funcionários: 6 mil.

Mas os desafios também são grandes, e o maior deles é entender o novo comportamento do consumidor nestes tempos online. Segundo o especialista Claudio Felisoni, do Provar (Programa de Administração de Varejo), em artigo publicado hoje no mesmo Estadão, as lojas tradicionais (físicas) tiveram crescimento de 13% entre 2008 e 2009, enquanto as lojas virtuais cresceram 25% – isso em termos de faturamento. Talvez mais importante seja este outro dado: o número de consumidores brasileiros que passaram a comprar pela internet em 2009 foi de quase 18 milhões, ou 33% a mais do que havia ao final de 2008. Essa é uma tendência irreversível, no mundo inteiro e também no Brasil, e quem não souber se adaptar a ela com certeza terá problemas.

Não foi por acaso que a Casas Bahia investiu pesado em e-commerce a partir do ano passado; Wal-Mart e Carrefour fizeram o mesmo. E o Pão de Açúcar, ao incorporar a Bahia, adotou como prioridade o aperfeiçoamento de seus serviços online. O mesmo promete fazer agora a Máquina de Vendas, holding da Insinuante/RicardoEletro. Como diz Felisoni, os preços dos produtos eletrônicos são praticamente os mesmos em todas as lojas, assim como suas margens de lucro. Ao mesmo tempo, o consumidor hoje é mais poderoso, no sentido de poder escolher, via internet, entre uma gama maior de ofertas e oportunidades. Ou seja, sairá ganhando quem conseguiu realizar o melhor atendimento online a um custo operacional mais baixo.

Parece óbvio, mas vamos ver quem consegue fazê-lo na prática. Daqui a um ou dois anos, saberemos. Enquanto isso, para quem quiser entender melhor a situação do varejo brasileiro, sugiro estes artigos:

O novo poder das redes sociaisO novo consumidor e a decisão de comprar, Admirável mercado novo e E-Commerce: explore sem limites.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • O varejo se tornou briga de "cachorro grande" onde "vira-lata" não entra,se assim podemos falar.

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Orlando Barrozo

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