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TV 3D sem “aqueles” óculos

Conheço pessoas que sentem arrepios só de pensar em usar um óculos 3D. Devem ter na memória aqueles óculos coloridos (como o da foto), com hastes de papelão, que se usavam antigamente para ver alguns filmes. Na verdade, o que se via eram imagens coloridas artificialmente tentando “enganar” o cérebro. Os novos óculos são muito mais avançados. Mesmo assim, o simples fato de ter que usá-los já impõe uma respeitável barreira à popularização do 3D para uso doméstico.

Em eventos internacionais, tive a oportunidade de experimentar óculos especiais, do tipo chamado “ativo”, que têm alimentação própria, por bateria; há até modelos que só são acionados quando se está diante de uma imagem tridimensional, transformando-se depois em meros óculos escuros convencionais. Já usei óculos dos principais fabricantes (Sony, Samsung, LG, Philips, Panasonic) e com todos tive a mesma sensação claustrofóbica que acaba tirando boa parte do prazer de se estar vendo imagens fantásticas. Talvez o problema seja meu, não dos óculos, considerando a quantidade de pessoas que têm ido aos cinemas para ver filmes em 3D.

Mas o ideal, mesmo, seria poder apreciar imagens tridimensionais sem óculos. Isso aconteceu conosco em São Paulo, em 2007, quando organizamos um evento chamado “Digital Home Workshop”. Na ocasião, a Philips trouxe para o Brasil, pela primeira vez, um protótipo de TV 3D do tipo autoestereoscópico (ou “Auto-3D”) e promoveu demonstrações para os profissionais que participavam do evento (vejam aqui o vídeo gravado na época). Foi um sucesso! Pena que a empresa teve que abandonar o projeto no ano passado, após tentar, sem êxito, promover parcerias com outros fabricantes e produtores de conteúdo. Desenvolver uma tecnologia como essa custa muito dinheiro; a indústria como um todo preferiu investir nos sistemas com óculos, o que a meu ver foi um erro.

Mas algumas empresas, isoladamente, continuam trabalhando no Auto-3D, e quem sabe tenhamos surpresas nos próximos anos. Na última CES, assistimos a demonstrações da LG e da JVC com TVs 3D sem óculos; mais interessante ainda foi o mostrado pela TCL, um dos maiores fabricantes de displays da China (dêem uma olhada neste vídeo). Todas se baseiam no uso das chamadas lentes lenticulares, que atuam como filtros para enviar imagens ligeiramente diferentes a cada olho (observem no desenho o formato das lentes). A tela desses displays recebe um revestimento transparente com centenas de minúsculas lentes como essas, cujo formato permite distribuir a imagem em várias direções ao mesmo tempo. Dentro do TV, processadores dividem os pixels que formam a imagem em subpixels, de modo que cada lente pode filtrar um grupo de subpixels para enviar ao olho direito ou ao esquerdo.

Evidentemente, trata-se de um processo complexo, até porque os processadores têm que realizar sua tarefa em nanosegundos! Imagino que o custo de produzir tais processadores e os tais revestimentos com inúmeras lentes, em escala industrial, seja o maior obstáculo dos fabricantes. Quando isso será possível? Talvez daqui uns três ou quatro anos, quem sabe? A única coisa de que podemos ter certeza é que, quando (e se) acontecer, aí sim será uma revolução.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Com relação ao processador para exibir imagens 3D sem os óculos, acho que a TV Toshiba Cell Regza daria conta do recado, o que acha Orlando?

    Mas ainda assim teria a questão das lentes.

  • Caro Orlando, respeito muito seu conhecimento, mas minha opinião com relação aos óculos, é que entramos em um ambiente lúdico, é uma forma física de entrarmos em mais uma dimensão. Isto é divertido!
    A Maxillusion é a única fábrica especializada em telas para projeção 3D do Brasil, que polariza perfeitamente a imagem com um ganho de brilho e contraste de 3.2, o que reduz o problema do brilho causado pelas lentas polarizantes utilizadas em determinados projetores.

    • Caro Ricardo, obrigado pelas informações. Gostaríamos de ver uma dessas telas em funcionamento. Há algum lugar em SP onde elas estejam instaladas? Abs. Orlando

  • Concordo com tudo, neste artigo. Principalmente, no que tange ao erro de estratégia, na opção pelo uso de óculos.

    Gostaria de saber se teria informações de quando a PHILIPS vai lançar os aparelhos de TVs 21/9 e quais modelos.

    Grsto e parabéns pelo 'blog'.

  • Tenho 59 anos curto muito filme tridimensional, não tenho nenhum desconforto com os óculos 3d, chego até a esquecer durante o filme que eu os estou usando o mesmo se aplica aos meus filhos e netos.

  • Olá Carlos Alberto, temos em São paulo, 5 salas de cinema comercial, duas no Cine São São Roque em São Roque - SP e 3 telas grandes em 3 em Botucatu na REDE CINE SUL. Aos poucos vamos aumentando o número de salas. As telas profissionais estão com ganho até 2.6, Half Gain em 33 graus, sem Hot Spot.

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Orlando Barrozo

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