Categories: Uncategorized

Mão-de-obra desqualificada

Não passa uma semana sem que alguém venha me pedir sugestão ou indicação de profissional qualificado para trabalhar no segmento de áudio, vídeo e sistemas residenciais. A carência de mão-de-obra é tão grande quanto a que afeta, pelo que leio e ouço dizer, vários outros setores da economia brasileira. Um amigo engenheiro civil me conta que vem tendo dificuldade até em contratar operários para construções! Nos segmentos ligados à tecnologia, então, o problema é ainda mais grave, pois não se forma um profissional da noite para o dia.

Os dados a respeito são mesmo preocupantes. Vejam este número divulgado recentemente pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex): se o País continuar crescendo, em 2013 o mercado terá um déficit de 140 mil profissionais capacitados nas áreas de software e serviços de Tecnologia da Informação. A defasagem poderá ser ainda mais alta se o setor de serviços se expandir mais que o de produtos. Agora, esta outra análise, feita pelo site Emprego Certo, do UOL, e publicada pelo Convergência Digital: para as empresas que buscam novos profissionais, não existe mais a antiga separação entre “especialistas” e “generalistas”; o funcionário ideal é aquele que consegue conciliar as duas características de forma equilibrada. “A combinação dos dois perfis começa a ser vista como um diferencial para um bom candidato”, diz Luiz Pagnez, diretor do Emprego Certo, que analisou os requisitos para mais de 170 mil vagas oferecidas. “Além disso, a atualização constante ou continuada, o domínio de línguas estrangeiras, ferramentas de informática e internet, já passaram a ser pré-requisitos obrigatórios em muitas posições”, completa ele.

A situação, portanto, é mais do que preocupante. Um país que nunca investiu em educação básica não pode agora exigir de seus jovens em idade universitária, ou mesmo recém-formados, habilidades como essas acima. A busca por um emprego acaba se tornando uma batalha inglória e muitas vezes frustrante. Por mais que a demagogia dos políticos diga o contrário.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Orlando,
    Pelo visto, então, estão procurando agora um profissional que sabe "quase nada" de "quase tudo" ? Na minha época esse profissional tinha um nome : " chutador". Desculpe mas nessa área de software e tecnologia da informação ( que muitos confundem com informática) tenho me deparado com muitos " conhecedores" do assunto que não apenas desinformam como trazem prejuízos a quem precisa deles.

  • Levando em consideração que um empregado custa 106% a mais para o empregador e que os programas sociais do governo insentivam as pessoas a esperar que caia do céu e não trabalhar por pouco, este quadro não vai melhorar tão cedo...

  • Coloque um anúncio no jornal pedindoa vaga e prepare para se divertir com as perolas...

  • A população brasileira está muito desqualificada. Basta observar os trabalhadores dos serviços básicos. Executam o básico e olhe lé. Sempre reclamando que ganham pouco mas não conseguem executar o mínimo. Em minha região a média de ganhos (salários + beneficios) de instaladores fica na faixa de 1600 Reais. Sem curso superior e sem uma especialização. Apenas pessoas que entendem do assunto mais que a média dos outros e se especializam dentro da empresa. Os mais espertos viram concorrentes e passam a prostituir o mercado, cobrando menos que os especializados, porém um pouco mais que ganhavam como empregados. Assim nivelam o mercado por baixo, reduzindo os valores de referencia, o que acarreta em uma necessidade de custos (salarios) menores para as empresas. É um ciclo vicioso onde todos perdem.

  • Caro Orlando.
    Sempre desejei trabalhar no segmento de audio e video, particularmente em home theater. Como não posso ir a São Paulo para fazer cursos específicos, adquiri conhecimentos por conta própria. Li todos os livros e artigos técnicos que pude encontrar. Sou técnico em desenho arquitetônico, engenheiro eletricista e tenho especialização em cabeamenteo estruturado (LAN), mas mesmo assim não consegui emprego no setor de audio e video. Não foi por falta de bater nas portas das empresas. E olha que moro em um Estado onde estão situados alguns dos maiores distribuidores e instaladores de equipamentos para home theater. Creio que os empresários do setor infelizmente procuram mais os "técnicos" para poder pagar menos. Tomara que eu esteja errado !!!
    Abraços.

    • Olá Douglas, se você disser onde mora talvez possam indicá-lo a alguma empresa do setor. Abs. Orlando

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Dicionário de tecnologias AV

  Você sabe o que é o protocolo AVB? Já aprendeu o que são harmônicos…

6 dias ago

Médias empresas, grandes transações

Fusões e aquisições são quase que semanais no mundo da tecnologia. A mais recente -…

2 semanas ago

Energia solar acelera o futuro

Nesta 6a feira, o Brasil ultrapassou a marca histórica de 2 milhões de domicílios equipados…

2 semanas ago

Excesso de brilho nas TVs é problema?

    Já vi discussões a respeito, em pequenos grupos, mas parece que a questão…

3 semanas ago

Incrível: Elon Musk contra as Big Techs!

      A mais recente trapalhada de Elon Musk, ameaçando não cumprir determinações da…

3 semanas ago

De plágios, algoritmos e enganações

Pobres Criaturas, em cartaz nos cinemas e desde a semana passada também no Star+, é…

1 mês ago