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Comentários em blogs: muito cuidado!

O site Comunique-se, que cobre os bastidores da mídia, relata em detalhes mais um imbroglio envolvendo jornalistas que mantêm blogs onde as intenções nem sempre ficam claras. Em época de eleições, com muitos nervos à flor da pele e dinheiro fácil para os que se dispõem a vender até a alma (e há tantos…), esse fenômeno torna-se recorrente. Existem os que já deram um jeito de garantir sua boquinha para o caso de termos uma mudança de governo no final do ano; os que esperam justamente essa mudança para se aboletar; e os mais desesperados, que vêem o tempo passar sem conseguir (por enquanto) nada. Caldo perfeito para denúncias, calúnias, difamações e por aí vai.

O mais recente envolve Paulo Henrique Amorim, veterano da televisão, que de uns tempos para cá ficou tão chapa branca que perdeu grande parte da credibilidade conquistada nos tempos de Veja e Globo; e Ricardo Noblat, igualmente veterano (mas da mídia impressa) e provavelmente o primeiro jornalista a criar um blog sobre política no País. Noblat tem no currículo uma lista de processos movidos por políticos de vários partidos e é, sem dúvida, polêmico. Não posso falar de sua vida pessoal, mas sei que sempre esteve do lado que considero o mais adequado a um jornalista – a confrontação ao poder, seja de quem for. Imprensa livre se faz criticando o governo, não elogiando. Quem possui espaço num veículo de comunicação deve usá-lo para defender a comunidade e o contribuinte, que é quem sustenta o governo. Ponto.

A briga surgiu porque Noblat escreveu que ao Supremo Tribunal Federal “só falta tomar coragem” para punir a candidata Dilma Roussef devido aos abusos na pré-campanha – e Amorim tomou as dores dela. Permitiu que leitores usassem seu blog não para criticar Noblat, mas para ameaçá-lo de morte!!! Diante do mal-estar causado, teve que pedir desculpas e retirou do ar os comentários ofensivos. Isso depois de Noblat ter reagido: “Quem tem um blog se torna responsável também pelo que deixa postado no espaço dos comentários. A esmagadora maioria dos comentaristas usa apelidos ou se vale de nomes falsos”, escreveu.

Sábias palavras. Aqui mesmo, neste minúsculo blog, somos obrigados às vezes a censurar determinados comentários, quando escritos com visíveis segundas (ou até terceiras) intenções, ou quando agridem ou ofendem pessoas, empresas e instituições. É uma pena que muita gente não saiba utilizar um espaço democrático e, ao mesmo tempo, critique os desvios da mídia. Se antigamente dizia-se que “papel aceita tudo”, o que dizer então da internet, onde muitos se escondem atrás de pseudônimos, nomes falsos e vivem de espalhar vírus. Ainda pretendo traduzir para publicar aqui um artigo de Noam Cohen, publicado no The New York Times em 2008, criticando a “rede de mentiras“. É a síntese desse perigoso fenômeno que estamos vivendo.

Voltando às brigas políticas, não dá para levar a sério um blog (ou qualquer meio de comunicação) que utiliza chamadas como Arruda dava dinheiro a partido que apóia Serra. Bye-bye Serra 2010, ou O Vesgo tem mais chance que o Serra, ou ainda Serra prometeu, mas o Morumbi não vai abrir a Copa. Ainda que se queira apoiar Dilma, o que é direito de qualquer cidadão, existem meios inteligentes e honestos para fazê-lo. Sim, quando se quer ser honesto…

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Obrigado, Orlando,por seu comentário generoso. Quando traduzir o artigo do Noam Cohen, por favor me mande. um abraço.

  • Aqui em Porto Alegre o jornalismo chapa branca está nas mãos da RBS com seu famoso jornal Zero Hora. Já perderam credibilidade depois que ajudaram o PT a queimar a governadora Yeda do PSDB. Surgiram muitas teorias contra Yeda e o jornal fez seu "papel". Publicou tudo com matérias de capa e não deixando escapar nenhum fato. Quando a justiça provou que era tudo fofoca e nada foi provado, Zero Hora não desmentiu nada, deixando a credibilidade da governadora na lama da opinião pública que aqui só lê um jornal. Uns dizem que a ação da Zero Hora está ligada a visita de Lula que concedeu emprestimos milionarios ao jornal e engavetou as dividas passadas.

  • Infelizmente o Brasil está assim. Os políticos conseguiram ridicularizar até a vergonha. Chapas brancas puLULAm por aí.O Lula hoje, ensinou como estancar um vazamento de petróleo em alto mar. Em público! Ridículo! Um cara que mal sabe ler! Eu estou envergonhado por ser brasileiro e ter um presidente que não tem limites nem noção de ridículo.E ninguém avisa o cara, gente! Onde vamos parar?

  • Sábias palavras, Orlando. Apenas gostaria de lembrar que - embora não me considere de "esquerda" nem de "direita" - há exageros em qualquer lado e entre defensores de quaisquer ideologias. O problema é bem mais de caráter - ou falta de - do que propriamente de corrente ideológica. E fazes muito bem em censurar os comentários impublicáveis. Abraço.

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Orlando Barrozo

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