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Quem acredita na mídia?

Duas pesquisas divulgadas esta semana analisam a importância da mídia e sua receptividade junto à população em geral. A primeira, encomendada pela Secom (órgão da Presidência da República), trata especificamente da mídia brasileira. Tem o título de “Hábitos de Informação e Formação da Opinião Pública Brasileira” e, oficialmente, custou R$ 750 mil. Pode parecer pouco, mas a pergunta que fica é se seria mesmo necessário gastar tudo isso para chegar às conclusões óbvias que foram apresentadas. Exemplos: a maioria das pessoas (93,9%) se informa basicamente pela televisão, sendo que, dessas, 69,8% assistem habitualmente à Globo (a segunda é a Record, com 13%); 69,8% dos que costumam ouvir rádio preferem emissoras que tocam música; as regiões Sul e Sudeste são as que registram índices mais altos de leitura de jornais; e Veja é a revista mais lida, com 36,7% (o triplo das duas concorrentes, Época e IstoÉ). Alguma novidade nesses números?

A pesquisa avalia também a credibilidade da mídia em geral, que continua baixa como sempre foi: 57,3% acham os meios de comunicação tendenciosos, e 72,1% disseram que não acreditam no que lêem e ouvem. Novamente, a região Sul é onde as pessoas mais questionam a mídia, enquanto no Nordeste cerca de 28% dizem acreditar em TVs, rádios, jornais, revistas etc. Mais uma vez: alguma novidade aí? A mídia continua em descrédito, e essa não é necessariamente uma notícia ruim. É bom que as pessoas desconfiem do que lhes dizem, e procurem meios alternativos de se informar. O problema está naqueles que acreditam totalmente e, por isso, são mais passíveis de manipulações.

Agora, vejam esta outra pesquisa, divulgada pela empresa GfK, que mediu o índice de confiança das populações de 19 países em diversos setores de atividade: jornalistas e publicitários brasileiros têm mais credibilidade que seus colegas de outras nações. Os jornalistas, por exemplo, são respeitados por 76% dos entrevistados no Brasil, enquanto nos demais países pesquisados esse índice é de 41%; no caso dos publicitários, a diferença é maior ainda: goleada de 71% a 29% para os brasileiros. Foram analisados 20 grupos de profissionais, com um total de 18.800 entrevistas (1.000 delas no Brasil).

Diante de tudo isso, nunca é demais lembrar o velho Thomas Jefferson: melhor uma mídia ruim, mas independente do governo, do que uma mídia dominada pelo poder político.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • No passado a mídia foi perseguida e não sabiamos até quando eles poderiam falar tudo. Hoje a mídia foi comprada, pelo menos a grande. A prova está no alto indice de propagandas de estatais e no trato da grande mídia com os problemas do atual governo. Eu não acredito na mídia. Prefiro ler e ouvir várias opiniões e tirar as minhas conclusões.

  • Não se depender do PT, que tenta há anos tenta colocar a imprensa sob seu controle. E aí, claro, jamais ouviríamos falar de mensalões e afins. Basta ter senso crítico para saber separar informação de opinião. Não preciso que o Estado faça isso por mim. Até porque as razões desse último NUNCA são meritórias. É impressionante a leviandade com que as pessoas tratam a própria liberdade. E só se lamentam quando é tarde demais. Excelente post!

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Orlando Barrozo

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