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O novo embrulho da Oi

Falando em operadoras telefônicas, o competente Renato Cruz, do Estadão, também deu um furo hoje, ao apurar que houve na semana passada uma reunião entre os acionistas da Oi e o presidente Lula. Motivo: o medo de que a Oi seja adquirida pela Portugal Telecom, caso esta tenha mesmo que vender a Vivo para a Telefônica. Renato dá informação fornecida pela consultoria Economática: desde abril de 2008, quando se juntou à Telemar, a operadora teve desvalorização de 46% em suas ações. O valor da empresa caiu de R$ 23,3 bilhões para R$ 12,6 bilhões!!!

Só para rememorar: os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte (Jereissati), dois dos maiores financiadores das campanhas do PT nos últimos anos, têm juntos 38,6% de participação na Oi; o restante é compartilhado entre o BNDES e os fundos de pensão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, ou seja, dinheiro estatal. A fusão com a Telemar foi praticamente imposta pelo governo, que queria uma empresa forte no setor para competir com as multinacionais Telefônica, Tim e Telmex (Embratel e Claro). Na época, até comentamos aqui que foram jogados nesse negócio extremamente suspeito mais de R$ 6 bilhões.

O problema é que, embora seja a maior operadora de telefonia do País em área de abrangência, a Oi não consegue decolar e não tem mais dinheiro para investir; ao contrário, tem a maior dívida do setor, o equivalente a 2,3 vezes o seu lucro. E, entre as quatro grandes, é a que menos cresce. Assim, como costuma acontecer com empresas geradas “por decreto”, está de novo pedindo socorro a seu pai protetor.

Voltamos então àquela velha moral da história: melhor uma empresa privada problemática do que uma estatal. Se não fosse a intervenção do governo, a Oi poderia simplesmente ser vendida a um grupo interessado e, se bem administrada, sair dessa situação. Pelo jeito, não é o o que vai acontecer.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Lamentável.
    Mais uma vez é a viúva quem paga a conta. E o que é pior: com o nosso dinheiro.
    E dê-lhe PT, ou melhor PQP.

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