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O choro oriental

“Esperamos que o governo ouça nosso choro”, disse em entrevista Osamu Suzuki, diretor-geral da empresa que leva seu nome, um dos maiores fabricantes de veículos do Japão. A frase foi citada pelo The Wall Street Journal como simbólica da situação atual das empresas japonesas, particularmente aquelas que dependem de exportações, como é o caso das montadoras de automóveis e dos fabricantes de eletrônicos. Em tom menos choroso, o vice-presidente da Sony, Yoshihisa Ishida, reuniu a imprensa em Tóquio nesta quinta-feira para lamentar a valorização do iêne, que coloca os exportadores numa verdadeira sinuca. “Não há muito o que fazer a respeito do câmbio”, disse Ishida. “Só podemos esperar que o governo encontre uma solução para esse problema”.

Basicamente, a questão é que o iêne – cujo valor anos atrás correspondia a menos de dois centésimos de dólar (100 dólares compravam mais de 20.000 iênes) – hoje está quase encostando no 1/10, ou seja, a continuar nesse ritmo de valorização, em breve aqueles mesmos 100 dólares irão comprar apenas… 1.000 iênes! O valor alto do dólar sempre foi uma arma essencial para a economia japonesa (aliás, asiática), permitindo ao País manter um alto padrão de vida apenas com as exportações. Com a crise americana e mundial, a onda virou.

De certa forma, é o mesmo choro que se ouve aqui quando o dólar cai muito, como aconteceu anos atrás. A memória curta impede algumas pessoas de ver como foi importante a estabilização do real. Mas é só olhar para o lado de lá. A Sony, por exemplo, segundo Ishida, pretende vender no mundo inteiro 25 milhões de televisores (sendo 10% deles com tecnologia 3D) no ano fiscal que começou em abril e termina em março. A metade está mantida, apesar do iêne. Mas vai depender das vendas de Natal. E dos senhores da economia.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Sou um neo liberal. Acredito no Estado mínimo, que interfira cada vez menos na economia. Mas acho graça quando vejo “socialistas” como José Dirceu e uma certa candidata (que não posso citar o nome, porque traria problemas ao Blog de nosso amigo Orlando!) querendo capitalizar os lucros e socializar os prejuízos das estatais. Me espanta também ver alguns capitalistas que rolaram de ganhar dinheiro no passado, queriam distancia do governo e quando estão quebrados choram pedindo ajuda de quem? Do governo!!! Aqui no Brasil vemos fazendeiros pegando dinheiro subsidiado para desfilar de botas e cintos caros em carros gigantescos em festas de rodeios. Quando a safra está em baixo pedem dinheiro e ajuda para quem? Um exemplo no nosso ramo de atividades foi o dono da Gradiente. Desfilava de helicóptero novo meses antes de sua empresa quebrar, pediu ajuda até para o demônio e acabou oPTando em aparecer ao lado de quem tinha a chave do cofre nas eleições de 2006... Se no Japão empresários tem memória curta, imagina o povo no Brasil!!!

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