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De olho (sempre) na mídia

Uma das propostas deste blog é ajudar os leitores a se informar melhor. Não apenas sobre tecnologia, nosso principal assunto, mas sobre o País e o mundo, em geral. Em época de eleições, então, esse papel torna-se ainda mais importante, especialmente quando se encontram por aí tantos sites e blogs dedicados a manipular a informação, a serviço deste ou daquele candidato ou partido. Questionar, refletir, nunca acreditar apenas em uma fonte, procurar sempre o contraditório, para enfim consolidar uma opinião – estes são, ou deveriam ser, os procedimentos de quem realmente busca compreender, de modo honesto, os tempos em que vivemos.

Infelizmente, como se sabe, não é o que todo mundo faz. Ouso dizer que a maioria procura os meios mais fáceis: tomar partido com base em boatos, insinuações ou suposições; difundir apressadamente ideias ou conceitos sem analisar seus aspectos diversos (que sempre existem); adotar preconceitos, ainda que disfarçadamente ou subliminarmente; e, o pior, acusar sem provas, seguindo os mandamentos de um grupo, apenas para tirar algum tipo de proveito pessoal.

Com a força da internet, tornou-se mais ampla e rápida a difusão da informação. Mas não se alterou o principal, que é o conteúdo. Como já acontecia na mídia impressa, verdades ou mentiras podem ser espalhadas com a mesma velocidade. Por isso, o cuidado deve ser redobrado. Assinei esta semana, depois de refletir por dois dias, o Manifesto pela Democracia proposto por um grupo de empresários e intelectuais para se contrapor às críticas que o PT e o presidente Lula vêm fazendo à imprensa nas últimas semanas. Incomodados com as denúncias de corrupção que não param, integrantes do governo atual e partidários da candidatura Dilma Roussef acusam jornais e revistas de terem se transformado em “partidos”. Foi a forma que encontraram para responder às acusações, já que aparentemente não têm como desmenti-las.

Sim, tudo isso faz parte da democracia – tanto as críticas à mídia quanto o manifesto em sua defesa. Não são todos os jornais, revistas, sites e emissoras que denunciam os desmandos do governo; há muitos que os defendem, e até ajudam a encobri-los. Como diferenciá-los? Só mesmo buscando mais informação, de todas as fontes possíveis. Na reta final da campanha eleitoral, com os nervos atiçados, é natural que alguns percam o controle e falem ou escrevam o que não deveriam. Bem diferente é partir para acusações gratuitas, como a de que “há excesso de liberdade na imprensa” (by José Dirceu); ou “temos que extirpar a oposição” (by Lula).

São frases que cabem bem na boca de ditadores. Daí por que julguei importante assinar o Manifesto. Nunca é demais lembrar a frase do sábio Benjamin Franklin: “Melhor um país com imprensa ruim do que um país sem imprensa”. O que, traduzido para os tempos atuais, eu transformaria em: “Entre as maracutaias do governo e dos poderosos (feitas com o nosso dinheiro), e os erros da imprensa, prefiro mil vezes ficar com estes últimos”.

A propósito, o editorial de Primeira Página da Folha de São Paulo neste domingo sintetiza primorosamente esse pensamento. Não deixem de ler.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Importante lembrar que entre os autores desse manifesto temos o Jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT.

  • Verdade. Todo poder tem limite, inclusive o da imprensa. Correndo risco de ser acusado de exagerado, pra mim não há dúvidas de que, se quiser, pode destruir a vida de inocentes. E isso com apoio público, afinal, forma opinião. Hoje sinto-me tão enojado com o jornalismo quanto com a política. Na verdade a missão de ambos é nobre, mas nas mãos de corruptíveis, reduziram-se a categoria de "mal necessário", é é assim que interpreto a citada frase de Benjamin Fraklin.

  • É uma pena que a reação tenha sido tardia. Ainda há tempo, porém corremos um grande risco. É a primeira vez que vemos pouquíssimas vozes se levantarem conta os absurdos da república sindical. Artistas, intelectuais e formadores de opinião. A esmagadora maioria foi omissa durante todos estes anos. Raras as vozes que se levantaram contra o aparelhamento do estado, o crescimento dos gastos da máquina pública e da falta de decoro daqueles que deveriam zelar por nós.

    Resta uma esperança. Um segundo turno vai permitir que nós, brasileiros conscientes do perigo que o país corre, possamos continuar nosso trabalho de conscientização para expulsar a corja que está no poder.

    Abs

    Julio Cohen

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Orlando Barrozo

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