Mas, voltando à Saraiva, a conversa acabou se encaminhando para o mercado de distribuição de filmes digitais, algo que ainda provoca tremores em muitos executivos dos estúdios de cinema. Segundo Guilhen, as negociações para liberação de cada título são penosas – a Universal, por exemplo, até hoje não liberou nada. Para obter os direitos de distribuição, a Saraiva contratou uma empresa especializada em digitalização e autoração, a Truetech, que desenvolveu uma tecnologia específica para esse trabalho. Cada filme é codificado a partir do master original, fornecido pelo estúdio; só que esse master vem fragmentado, com trechos de vídeo, diálogos, legendas, trilha musical etc. Todo esse material precisa ser editado e montado na seqüência determinada pelo estúdio, que ainda tem que aprovar a autoração (menus, navegação e toda a apresentação do filme como estamos acostumados a ver).
O software da Truetech consegue comprimir um arquivo original, que chega a 40GB depois de pronto, para 1GB, a fim de ser transmitido via web. Esse software realiza ainda um pequeno milagre: identifica, por exemplo, cenas com muita ação e/ou efeitos especiais e aumenta a resolução, para que não haja perdas na recepção do usuário; evidentemente, em cenas onde isso não é necessário, a resolução é reduzida.
Já acompanhei de perto o trabalho de autoração de filmes e shows para DVD, e sei como é complicado. Imagino que transformar um filme de longa-metragem num arquivo digital seja ainda mais. No caso da Saraiva, o usuário pode alugar o filme e recebê-lo via streaming, ou comprá-lo e fazer o download (não há assinatura, cada item é negociado individualmente). Guilhen acha que o surgimento dos web TVs representa uma grande oportunidade de negócio, não apenas para distribuição de filmes de cinema, mas também séries de TV e conteúdos especiais, como treinamentos, documentários e até – vejam só – vídeos preparatórios para concursos públicos.
É bom ficar de olho nesse segmento. Em dezembro, a revista HOME THEATER & CASA DIGITAL publica um encarte especial sobre o assunto.
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Quando empresas como a Saraiva vão perceber que já há um número grande de aparelhos prontos para propagar serviço de vídeo on demand no Brasil? Por que esperar pelo aumento do número de TVs com Internet se a maioria das casas dos consumidores em potencial conta com um videogame PS3 ou Xbox que fariam (e fazem lá fora) muito bem o papel de setup box para esse serviço?