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As lições do Egito

As últimas notícias que chegam do Egito, enquanto escrevo, indicam que o ditador Mubarak já está fora da capital (Cairo), temendo uma possível invasão de sua residência oficial. Mais de 1 milhão de pessoas caminham em direção ao palácio do governo, e nessas condições tudo pode acontecer – até porque parece que o exército já não reprime mais as manifestações.

Pergunta: de quem é a culpa por tudo isso? Resposta óbvia: do ditador, claro, que há 30 anos não larga o poder, num dos países mais populosos da África e dos mais importantes do mundo, do ponto de vista geográfico e estratégico. Resposta não tão óbvia, mas cada dia mais visível: das redes sociais.

Sim, mesmo com o governo local cortando as comunicações, o movimento que havia começado há duas semanas, logo após a derrubada do ditador da Tunisia (outro país árabe da África e também estratégico, pela sua proximidade com a Europa), ninguém conseguiu conter o fluxo de informações via Twitter, Facebook, YouTube e demais mídias online. Espalhadas pelo mundo inteiro, as redes se encarregaram de espalhar – através de textos, fotos e vídeos – o que estava acontecendo no Egito. Contribuem assim para o colapso de mais uma ditadura. E mais: populações de outros países da região, igualmente vítimas de ditadores corruptos, já se manifestam, mobilizadas pela mesma comunicação via redes online. “Quem será o próximo”? É a pergunta que se fazem os analistas: Jordania? Iêmen? Arábia Saudita? Quem sabe até Irã?

“Quanto mais eles bloqueiam, mais nós evoluímos”, disse um ativista ao site americano IDG News Service, que explica em detalhes como os egípcios se organizaram para driblar as restrições e expandir seus protestos. Como mostra brilhantemente Cristina de Luca neste artigo, a internet não é boa nem má. E todos os governos atuais sabem disso. A questão é como cada um tenta controlar o fluxo de informações, coisa que, felizmente, parece que Mubarak não conseguiu.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • O que lamenta-se, apenas, é saber que provavelmente essa ditadura será substituída por outra. Quiçá, ainda pior.

  • Na historia da humanidade, nunca uma revolução partiu do povo. Por mais cara de popular que tivesse, todas as revoluções partiram de uma elite que queria tomar o poder e usou o povo como bandeira. A revolução francesa e a russa foram exemplos clássicos, só que a francesa deu certo, pois os fomentadores da revolução também foram excluídos do processo. Esta sequencia de revoltas no mundo arabe nada mais é do que trocar uma ditadura por outra e o plano do Irã de transformar o mundo em um estado islamico único pde acabar dando certo. Só lamento ver que oficialmente nós aqui os defendemos. Digo nós todos porque a maioria dos brasileiros escolheu ser representada por simpatizantes desta filosofia opressora.

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