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Cadê a minha Playboy?

Há cerca de dois ou três anos, um amigo me questionou sobre a comentada morte de jornais e revistas com a chegada do computador portátil. “Imagine se alguém vai querer levar seu notebook ao banheiro”, disse ele, descrente da novidade. Bem, não preciso entrar em detalhes sobre o que ocorre hoje, na era do iPad. Revistas e jornais não morreram (acho que jamais morrerão), mas levaram um belo baque. Que o diga a Playboy, que já foi a revista mais vendida do mundo.

Segundo a agência de notícias Associated Press, a edição americana chegou a vender 3,15 milhões de exemplares em 2006; hoje, não passa de 1,5 milhão, e caindo… De pouco adiantaram truques como dar aos leitores, de brinde, um óculos 3D para que pudessem enxergar melhor as, digamos, nuances de algumas fotos. Para tristeza de muitos, parece que as famosas coelhinhas estão mesmo se tornando peças de museu. Como diz o prof. Samir Husni, que dirige o Centro de Inovação em Revistas, da Escola de Jornalismo da Universidade do Mississipi, quem precisa hoje de uma Playboy? “Qualquer um pode ver uma mulher pelada simplesmente andando pela rua”, argumenta o nobre mestre.

Será mesmo? O fato é que, tentando reconquistar os leitores perdidos, a Playboy decidiu cair na vida… digo, na tela do iPad. A partir de hoje, quem tiver um pode fazer sua assinatura digital, ao preço de 8 dólares por mês, e acessar qualquer uma das 682 edições da revista publicadas até hoje, incluindo a célebre # 1, de 1953, que trazia na capa ninguém menos do que Marylin Monroe. “Agora, ninguém mais terá que esconder sua coleção embaixo do colchão”, empolga-se o editor-chefe, Jimmy Jellinek.

Sim, certamente haverá aqueles caras-de-pau que farão a assinatura argumentando querer apenas reler artigos de escritores famosos, como Norman Mailer e Jack Kerouac, que publicaram textos inéditos na Playboy; ou entrevistas polêmicas como as de John Lennon e Martin Luther King, que só saíram lá. Jellinek admite, com razão, que o novo serviço não vai render grande coisa. Mas não resiste a chamar sua edição digital de “a máquina do tempo mais sexy do mundo”.

Não sei se o privilégio dos leitores americanos será estendido aos brasileiros. Quando isso acontecer, finalmente aquele meu amigo que jamais pensou levar o computador ao banheiro vai poder matar as saudades de suas coelhinhas preferidas. Bastará comprar um iPad. E poderá se deliciar sem culpa. Afinal, já estamos todos (eu, ele e os de nossa geração) um pouco velhos para essas ‘nóias’ da juventude.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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