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O Homem está indo embora…

 

 

 

 

Toda vez que alguém me pergunta qual personagem de meu livro “Os Visionários” é o mais interessante, não tenho dúvidas em responder: Steve Jobs. Apesar dos vários outros gênios cuja história é contada no livro, a vida e a carreira de Jobs são, ao mesmo tempo, uma lição de criatividade (e obstinação) e um retrato da crueldade que domina as relações humanas nos tempos atuais. Sinceramente, não sei como ainda não fizeram um filme sobre o Homem – agora que ele está lançando sua autobiografia, isso talvez aconteça.

Por mais que fosse aguardada, a renúncia de Jobs à presidência da Apple causou um choque não apenas entre os milhões de fãs da empresa, mas até entre seus concorrentes. E, claro, entre seus inúmeros admiradores, como o cineasta George Lucas (outro “visionário” que analiso no livro): “Pessoas como Jobs a gente só conhece uma vez na vida”, disse Lucas, como que sintetizando a consternação geral provocada por seu estado de saúde. Sim, Jobs ainda não morreu, mas a forma como a mídia internacional vem tratando sua saída lembra os obituários que geralmente prestam tributo a quem já se foi.

Tenho certeza de que Lucas está com a razão. Todo mundo que tem mais de 20 anos de idade já foi (a maioria continua sendo) influenciado pelas ideias e atitudes de Steve Jobs. Mesmo que você nunca tenha usado um produto da Apple, saiba que a forma como todos nós nos comunicamos hoje, via celular ou internet, foi moldada por ele. Também a forma como consumimos vídeo e música, por mais que tenhamos resistência ao MP3, e como trabalhamos e buscamos entretenimento. Não tenho dúvidas em afirmar que Jobs e a Apple determinaram o estilo de vida das populações urbanas do planeta nos últimos 15 anos – coincidência: está fazendo exatamente 15 anos que Jobs reassumiu a direção da Apple, em 1996, ele que fora escorraçado de lá dez anos antes.

Pois é, como nossas vidas mudaram em 15 anos! Acredito que a Apple possa continuar sendo uma empresa inovadora mesmo sem a presença de seu líder. Mas será algo como a arte da pintura após a morte de Picasso, a poesia brasileira pós-Drummond ou o cinema depois de Chaplin: sempre estará faltando alguma coisa.

Aliás, falando em Picasso, me lembrei agora do dia em que ele morreu e o Jornal da Tarde, de São Paulo, estampou em manchete: “Picasso morreu (se é que Picasso morre)”. Taí uma dúvida que sempre iremos aplicar também a Steve Jobs.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Veja o filme Piratas do Vale do Silício (Pirates of Silicon Valley, no original, de 1999) é um filme feito para a televisão, pela TNT, escrito e dirigido por Martyn Burke. Baseado no livro Fire in the Valley: The Making of The Personal Computer, de Paul Freiberger e Michael Swaine, o filme oferece uma versão dramatizada do nascimento da era da informática doméstica, desde o primeiro PC, através da histórica rivalidade entre a Apple e seu Macintosh e a Microsoft, indo desde o Altair 8800 da empresa MITS, passando pelo MS-DOS, pelo IBM PC e terminando no Microsoft Windows.
    O filme começa no início da década de 1970 e termina em 1985, pouco antes de Steve Jobs ser demitido da Apple por John Sculley.
    Começando no campus da UCB (Universidade de Berkley) durante o período do Movimento Liberdade de Expressão, o filme expõe as aflições dos amigos Steve Jobs (Noah Wyle) e Steve Wozniak (Joey Slotnick), que formariam a Apple Computer; e os estudantes de Harvard, Bill Gates (Anthony Michael Hall), Steve Ballmer (John Di Maggio) e o amigo de Gates, Paul Allen (Josh Hopkins), que criariam a Microsoft.
    Gates, Jobs e Wozniak deixariam a universidade (Jobs foi na realidade, um estudante do Reed College) por um curto período, mas isto não é documentado no filme; Wozniak logo regressaria à UCB) para poder tomar o papel no crescimento da revolução dos computadores pessoais. O filme é narrado pelo ponto de vista de Wozniak e Ballmer.

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