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A energia de que precisamos

Aleatoriamente, fui coletando nas últimas semanas notícias sobre um dos problemas mais graves que o mundo enfrenta atualmente: a demanda crescente por energia. Desde o acidente de Fukushima, no Japão, ganhou força em muitos países a ideia de que é preciso substituir a energia nuclear por outras formas, mais limpas e seguras. O uso intensivo da tecnologia, aliás, com cada residência tendo dois ou três computadores e outros tantos TVs, chuveiros e geladeiras (sem falar nas baterias de celulares e tablets), praticamente exige que se busquem fontes alternativas de energia. Alguns países já correm atrás disso, outros – com o perdão do trocadilho – vão ficando para trás.

Vejam algumas notícias que salvei no computador (clicando nelas, encontram-se os respectivos conteúdos):

* Senado da Suíça aprova fim das usinas nucleares

* Japoneses protestam e pedem fim da energia nuclear

Alemanha reduz o número de usinas nucleares

* Índia pode se tornar líder em tecnologia solar

* Alemanha investe em energia solar e eólica

* Grecia inaugura maior parque de energia solar do mundo

* Governo e empresas japonesas investem US$ 1 bi em energia solar

* Google financia projeto de energia solar em deserto dos EUA

Agora, leiam com atenção estas outras:

* Argentina inaugura sua terceira usina nuclear

* Ministro pede expansão do programa nuclear brasileiro

* Amazônia perde 99km de florestas

Procurei, mas não encontrei, notícias sobre projetos do governo brasileiro envolvendo alternativas energéticas (se existem, devem estar muito bem guardados). Viajando pela Alemanha, pude testemunhar a quantidade de torres de energia eólica espalhadas por várias regiões (foto). Segundo um estudo recente, o país já é o maior produtor mundial desse tipo de energia e também colocou em execução um plano para desativar todas as suas usinas nucleares até 2025. Não deixa de ser curioso lembrar que o Brasil entrou nessa canoa furada em 1975, justamente através do célebre Acordo Nuclear Brasil-Alemanha (governo Geisel), pelo qual adquirimos enorme quantidade de sucata alemã sob o título de “equipamentos nucleares”. Na época, governo e imprensa (com raras exceções) saudaram o evento como a entrada do Brasil no primeiro mundo da energia atômica. Muita gente acreditou…

Hoje, porém, estamos em situação muito pior. Passados 36 anos, e com um histórico de acidentes nucleares gravíssimos (Three Mile Island, Chernobyl, Fukushima), ainda temos um ministro que defende abertamente a construção de mais usinas. Sim, uma usina nuclear certamente rende mais propinas do que painéis solares e torres eólicas. E, se ocorrer uma explosãozinha aqui ou ali, é só botar a culpa na natureza – como fizeram na época do apagão em Itaipu.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Energia nuclear não é canoa furada, assim como no caso da Alemanha
    e outros países DIMINUIR não significa ELIMINAR, portanto tudo continua
    como antes, até terminar a sua vida útil.

    Aliás quantas usinas nucleares existem no mundo?

    Não vejo estes pseudo-ecologistas tentando ELIMINAR estes reatores nos países deles, de onde tirariam toda energia que consomem?

    • Olá Ewerton, os países citados anunciam, sim, que irão desativar suas usinas nucleares. Claro que isso não pode ser feito de uma vez só, mas gradativamente. Por isso, são planos de longo prazo. Mas eles já perceberam que o risco não compensa, e que há alternativas melhores. Abs. Orlando

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Orlando Barrozo

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