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Sonhos mirabolantes

Estou lendo a biografia de Steve Jobs lançada dias atrás, e um dos aspectos que ressaltam em cada capítulo é a obsessão do biografado com o sucesso a qualquer preço. Com um detalhe: aquilo que nós, seres normais, entendemos por “sucesso” nem sempre era o que estava na cabeça de Jobs. Nada modesto, seus sonhos giravam em órbitas inalcançáveis, como conquistar o mundo com suas ideias e seus produtos.

Bem, ainda estou no começo da leitura, mas lembrei desses detalhes ao ver notícia estampada hoje na imprensa internacional: Google planeja criar seu próprio serviço de TV paga. Assim como Jobs, Bill Gates e outros personagens que retratei no livro “Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo através da Tecnologia“, os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, também sonham conquistar o mundo. Depois de transformar seu serviço de buscas no negócio mais rentável do planeta, os dois compraram o YouTube, dominando a distribuição de vídeos pela web, e tentaram outras cartadas não tão bem sucedidas. Ao que parece, Brin ainda não desistiu de seu projeto de digitalizar todos os livros do mundo, montando uma gigantesca biblioteca virtual, cuja chave de acesso ficaria em suas mãos! (narro esse projeto em detalhes no livro).

Os dois também lançaram um smartphone (o Nexus, lembram-se?) que não deu certo, e a plataforma Google TV, que teve de ser recolhida às pressas. Não é surpresa, portanto, que estejam pensando numa mega-TV a cabo. Segundo The Wall Street Journal, a Google Inc. já instalou uma rede de fibra óptica na região de Kansas City, onde dará início a um projeto-piloto. Também já está negociando com programadoras como Disney, Time Warner e Discovery, para exibir seus canais. Como acabou de comprar a Motorola, maior fabricante de conversores do mundo, a Google agora está sendo vista como inimiga, não apenas pelos fabricantes de smartphones (concorrentes da Motorola), mas também pelas operadoras de TV paga.

O plano é ambicioso: além de vender assinaturas de TV, a empresa poderia enxertar seus anúncios nesses canais; e também, no sentido inverso, jogar programas de TV na internet, via streaming. Quem sabe parte desses programas poderiam ser vistos através do próprio YouTube, que já é o “canal de TV” mais assistido do mundo?

É, quem sabe? Quando se trata de conquistar o mundo, não custa sonhar.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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