TV por assinatura é um dos serviços mais procurados na Rocinha, assim como acontece hoje em quase todo o país. Só que, em favelas e comunidades onde o Estado não chega com os serviços básicos que toda a população merece, o ‘gatonet’ toma conta do mercado. Pacificado e livre dos traficantes, um local como a Rocinha tem enorme potencial de consumo, e é isso que a maioria dos seus moradores deseja: poder consumir como as pessoas, digamos, comuns – e não apenas produtos falsificados ou trazidos em troca de drogas.
Tomara que a ação da polícia carioca, que o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira descreveu como “cinematográfica”, não seja apenas isso: mais uma farsa montada para dar votos aos políticos de plantão. Depois de tantos anos de domínio do tráfico, com a conivência e/ou participação direta do poder público, resgatar essas comunidades para uma vida “normal” era mais do que obrigação do Estado. Ainda é cedo para dizer que é um sucesso, até porque a ação foi divulgada com tal antecedência, e tantos detalhes, que houve tempo de sobra para os bandidos fugirem e, quem sabe, se instalarem em outra vizinhança. De qualquer modo, todos devemos torcer. Só assim os favelados do bem poderão assistir televisão e ter a vida digna que merecem.
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