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US$ 846 milhões pela janela

Mais uma notícia que circulou em meio às festas de fim de ano e que merece ser analisada: a Sony desfez a sociedade que mantinha com a Samsung desde 2004, sob o nome S-LCD Corp, dedicada à produção de painéis LCD. Os coreanos pagaram US$ 935 milhões, o equivalente a 50% das ações, e agora detêm o controle total da joint-venture. Mesmo assim, a Sony sai com um prejuízo de US$ 846 milhões, referente a seus investimentos no projeto nestes sete anos, segundo comunicado que o grupo divulgou em Tóquio.

No entanto, os dois fabricantes – que são rivais no mercado de consumo – trataram de desmentir um possível desentendimento. Na prática, a S-LCD Corp. continuará fornecendo painéis à Sony, que vem aos poucos abandonando o modelo de fabricação própria de seus TVs. “Há um acordo de longo prazo para isso”, diz um comunicado conjunto. Para a Sony, o negócio representa um alívio: vai ajudar a reduzir o prejuízo operacional a ser declarado ao fim do atual ano fiscal (em março). Ao mesmo tempo, garante o suprimento para os próximos anos. Mas não deixa de ser triste ver voar assim, pela janela, tanto dinheiro investido num sonho.

Curioso foi que, alguns dias antes, a mesma Sony anunciou ter adquirido 50% das ações que a sueca Ericsson detinha na sociedade Sony Ericsson, voltada ao segmento de celulares, que existia desde 2001. O grupo japonês vai pagar aos suecos cerca de US$ 1,5 bilhão para tornar-se proprietário exclusivo da empresa, incluindo suas preciosas patentes. Em julho passado, a Sony foi – ao lado de Apple e Microsoft – uma das que compraram o espólio de patentes da falecida Nortel, reforçando sua posição no setor de comunicação móvel. Foram ao todo 6 mil patentes, negociadas por algo em torno de US$ 4,5 bilhões.

Ou seja, os prejuízos no negócio de TVs estão sendo, pelo menos em parte, compensados pelos ganhos na área de celulares. Tudo isso faz sentido? Sim, garante o presidente da Sony, Howard Stringer: “É a nossa estratégia de quatro telas: smartphone, laptop, tablet e TV. Agora, os usuários de nossos produtos poderão se conectar entre si, acessar nossa rede e receber muito mais conteúdo”.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Será uma estratégia de "quatro telas" capenga? Uma vez perguntei no Blog do Playstion nacional quando a Sony faria a "gentileza" de adicionar os parceiros de conteúdo de suas TVs Bravia ao Playstation. A resposta foi que são negócios diferentes, parceiros diferentes... acho que eles ainda não entenderam que devem "convergir" seus serviços e deixam de fora exatamente a plataforma Sony mais difundida. Sem falar que já temos NetFlix e iTunes e a Sony ainda não faz locação de vídeos por aqui. Acho que estão esperando o mercado saturar pra depois chorar que não deu certo...

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