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Varias moscas nessa sopa…

As imagens do fundador do site Megauploads, Kim Schmitz, sua mansão hollywoodiana e seus carrões na Nova Zelândia ilustram bem os novos caminhos do chamado “crime organizado”. Nesta sexta-feira, a policia neozelandesa prendeu Schmitz, procurado há anos pelo FBI e cuja extradição havia sido solicitada pelo governo americano (detalhes aqui). Como se sabe, o Megauploads era até esta semana um dos maiores sites de distribuição não autorizada de música, vídeos e filmes. Só que, ao contrario de outros, faturava alto com publicidade. Ou seja, seus downloads e uploads eram gratuitos, mas a operação estava longe de ser sem fins lucrativos.

Sabe-se lá que outras atividades ajudaram a enriquecer o sr. Schmitz, cujo apelido é “Kim Dotcom”, à primeira vista uma especie de Pablo Escobar (ou Fernandinho Beira-Mar???) da internet. Seja como for, sua prisão (e as de seus comparsas) justamente na semana em que caiu a proposta de lei contra a pirataria nos EUA (a chamada S.O.P.A.) mostra que estamos tratando de um problema bem mais amplo do que o tráfico de produtos culturais ou mesmo a privacidade dos internautas. Por mais que se deseje a liberdade na web, ameaçada pela tal lei, é fato que os criminosos já dominam os meios tecnológicos a ponto de usarem essa liberdade à sua conveniência.

Sempre achei que pirataria, tráfico (qualquer um), contrabando, gatos, downloads ilegais etc. são farinha do mesmo saco. Um contrabandista não passa de um pirata, e vice-versa, variando apenas a intensidade e os efeitos de suas ações para a sociedade. Evidentemente, roubar músicas ou filmes é menos perigoso do que traficar armas, drogas ou crianças. Mas, na essência, são atos similares. E nada impede, na “ética criminosa”, que se passe de uma atividade a outra.

Portanto, convém tomar cuidado ao defender a tese da “liberdade total” na internet.  Como lembrou bem o colunista Alvaro Pereira Jr., da Folha de São Paulo, as forças que se levantaram contra a S.O.P.A. – entre elas grandes corporações, como Google, Facebook, Microsoft e outras – também têm seus objetivos monopolistas. E só entraram nessa briga ao perceber que a nova lei poderia atrapalhar seus negocios bilionarios.

É sempre saudavel defender a liberdade. Mas é melhor ainda saber que uso fazer dela.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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