Não é propriamente novidade. Acusações de maus tratos, sobrecarga horária, más condições de alimentação etc. vêm sendo feitas contra a China há vários anos. Dependendo do caso, acabam resvalando sobre a imagem de empresas ocidentais que encomendam seus produtos a montadoras chinesas. Já aconteceu, por exemplo, com a Nike, e agora a bola da vez é a Apple. Tim Cook, substituto de Steve Jobs, até distribuiu comunicado informando que a empresa “se preocupa” com as condições de trabalho de seus fornecedores chineses. No passado, o próprio Jobs havia dito que as fábricas chinesas eram “modelo de eficiência e respeito aos funcionários”.
O fato é que já houve diversos suicídios de trabalhadores no polo industrial de Shenzen, onde está localizada a maioria das montadoras de eletrônicos. Semanas atrás, aconteceu até uma tentativa de “suicídio coletivo”, que comentamos aqui. E o presidente da empresa, Terry Gou, só piorou as coisas ao chamar seus cerca de 1 milhão de trabalhadores de “animais”, numa entrevista (depois, pediu desculpas).
Estranhamente, apenas a Apple é acusada, quando, na verdade, a Foxconn fornece também para Sony, Microsoft, HP, Dell e outras gigantes, que até agora se calaram (este artigo dá mais detalhes). Mas o brilhante colunista Pedro Doria, de O Globo, mostra mais elementos para uma análise sensata do problema, ao lembrar que, apesar dos protestos, a situação dos operários chineses hoje é infinitamente melhor do que na época do comunismo, quando mal tinham o que comer. E acrescenta: alguém se sente culpado por usar um iPhone que pode ter sido produzido por crianças em regime de escravidão?
Como em tudo na vida, este é mais um assunto em que há vários ângulos a ser considerados. E é muito melhor quando se faz isso sem hipocrisia.
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