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Acorrentados, digo, conectados

“Esta missão é muito importante para mim, para que eu deixe você estragá-la”.

A frase, para quem não se lembra, é do computador HAL-9000, “personagem” principal de 2001 – Uma Odisseia no Espaço, obra-prima de Stanley Kubrick que influenciou dez entre dez filmes de ficção científica subsequentes. HAL discutia com o astronauta interpretado por Keir Dullea (na foto), num diálogo que sintetizava a oposição entre homem e máquina. Pois é com essa frase que o excelente site americano ReadWriteWeb, especializado em novas tecnologias, abre um artigo da última sexta-feira. “Prepare-se para um mundo de aparelhos conectados”, diz a manchete, seguindo a linha do que dissemos aqui, dias atrás.

Na falta de grandes inovações em equipamentos, a indústria investe naquele que hoje talvez seja o maior negócio do planeta: software. TVs, players, smartphones, tablets, computadores e outros aparelhos conectados (ou conectáveis) nada mais são do que caixas contendo programas – e, claro, processadores que os fazem rodar. Com o tempo, essa capacidade de se conectar vai sendo estendida a todo tipo de dispositivo elétrico ou eletrônico, já que basta uma fonte de alimentação para fazer funcionar essa, digamos, corrente de comunicação.

Vimos na CES, por exemplo, a camerazinha Bloggie Live, da Sony (ao lado), com a qual o usuário pode gravar um vídeo em alta definição e, na mesma hora, enviá-lo a um site (ou a um amigo, via email), como se pode conferir neste vídeo da Sony. E se, hoje, qualquer controle remoto já pode ser substituído por um smartphone ou um tablet, nada mais natural do que fazer tudo funcionar em rede, à escolha do freguês. É nisso que trabalham as empresas dominantes no mercado: Google, Apple, Samsung, Amazon, Sony, Microsoft, LG, Panasonic, Toshiba… Cada uma quer criar “a sua” rede e, através dela, oferecer a maior quantidade possível de serviços.

Aonde isso tudo irá nos levar? Difícil saber. HAL virou inimigo do astronauta de Kubrick. Meu receio é que, em vez de conectados, nos tornemos acorrentados a uma rede dessas.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • A Apple de certa forma acorrenta seus usuários, pois obriga todos a utilizarem iTunes e companhia. Aparentemente, as demais empresas pretendem seguir o mesmo modelo, pois cada uma avança em suas redes próprias e a Sony leva alguma vantagem nesta questão, já que seus próprios executivos afirmam serem os únicos que produzem o conteúdo a ser utilizado em seus produtos.

    Imagino que uma solução será termos um aparelho de cada marca: TV Panasonic, BluRay player Samsung, PS3 da Sony e media center Apple ou LG. Assim será possível utilizar todas as opções que cada fabricante oferecer.

    Será isto interessante? Por enquanto, eu duvido...

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Orlando Barrozo

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