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Estranha queda de braço

Está bem azedo o clima entre os fabricantes de equipamentos eletrônicos, especialmente os de TVs, áudio e vídeo, e os ministros do governo Dilma ligados à área. O motivo, que já comentamos aqui, é a introdução do recurso de interatividade nos TVs fabricados no Brasil. O governo quer porque quer obrigar toda a indústria a colocar nos aparelhos o software DTVi (antigo Ginga), e os fabricantes não aceitam. Oficialmente, trata-se apenas de uma negociação, como tantas outras acontecem todos os dias. Mas pode haver mais coelho nesse mato.

O argumento dos fabricantes é límpido e incontestável: “Hoje, somente 48% da população recebe sinal de TV Digital”, diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). “É inócuo obrigar a inclusão do Ginga em 100% dos aparelhos e cobrar a mais de quem ainda não recebe o sinal”. Segundo ele, o software irá encarecer os TVs em cerca de R$ 200. O pedido da Associação é para que a norma seja aplicada somente a partir de outubro, começando com 10% dos aparelhos produzidos, até chegar a 100% na época da Copa de 2014. Nos bastidores, sabe-se até de um movimento para entrar na Justiça, caso o pedido não seja aceito.

O que é estranho nessa queda de braço é que a obrigatoriedade nem interessa ao consumidor – a interatividade é um fracasso retumbante no mundo inteiro, e nada indica que será diferente no Brasil. Ninguém compra um televisor pensando nesse tipo de recurso, que tem mais a ver com computadores. E quem quiser comprar já encontra hoje vários modelos no mercado. O “coelho” a que me refiro é o lobby dos produtores de software, que foram abandonados pelo governo Lula e pelo Fórum SBTVD, e agora provavelmente querem uma compensação. Só eles têm a ganhar com o DTVi.

Bem, a menos que algum ministro ou assessor tenha outras intenções.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Tenho uma Smart TV que tem seus aplicativos e não vejo muita utilidade para além dos serviços de vídeo, afinal, é pra isso que a maioria das pessoas usa a TV. Netflix é o aplicativo número 1 aqui em casa, não me vejo acessando o banco ou algum serviço do governo na TV quando é muito mais cômodo fazer isso num computador ou tablet que já tem um meio de entrada de dados incorporado (mouse, teclado ou tela sensível ao toque).

    O público que tem dinheiro pra comprar uma TV cara, como estas que virão com o Ginga, certamente tem no mínimo um PC e muito provavelmente um tablet e um smart fone. Ginga pra que exatamente?

  • Orlando, hoje recebi a nova tabla da Panasonic e constatei que não tem mais TV de Plasma. A procura por Plasma Panasonic 50, 55 e 65 é muito grande, vários clientes ligam pedindo uma ou outra, vocês fizeram um bom trabalho ao deixar claro qual a melhor TV do mercado e agora não é mais possível adquirir. Sabe algo a respeito?

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