Reproduzo aqui frases ditas ao Estadão por Mario Bandeira, presidente da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Reproduzo porque mostram bem o descaramento dos políticos e integrantes do governo em geral (todos os governos).
Para quem não está acompanhando: além do caos já conhecido no trânsito, São Paulo vem enfrentando nos últimos anos uma espécie de “pane crônica” nos sistemas de trens e metrô. Todos os dias ouço no rádio notícias sobre falhas em alguma estação ou ramal da rede que serve a região metropolitana. Pessoas perdem horas preciosas de seu tempo, sem que haja qualquer satisfação por parte dos administradores públicos. Imagino que o problema deva existir também em outras cidades do país, mas não me recordo de ter passado por situação semelhante andando de trem ou metrô em outras grandes cidades do mundo, tão congestionadas quanto. Um amigo, que morou um ano em Londres (cuja rede ferroviária/metroviária já tem mais de 100 anos), me conta que andava de trem todos os dias e nunca – isso mesmo: NUNCA – soube de falhas como essas que acontecem aqui.
Falhas, claro, podem ocorrer em qualquer sistema. Mas todo dia??? Bem, vamos às explicações do digníssimo presidente da empresa responsável:
“Não houve redução de orçamento. O que ocorreu foi uma redução na execução orçamentária” – terá havido erro de quem digitou o texto?
“Essas falhas não são fruto de pouca manutenção, mas da operação rotineira” – entendi: quer dizer que as falhas nunca deixarão de acontecer, enquanto houver trens operando… E, se houve redução no investimento, qual foi o milagre que permitiu não haver redução na manutenção?
Como diria mestre Millôr, o pior é que eles falam essas coisas com a maior desfaçatez, como se nós todos fôssemos capazes de acreditar em qualquer mentira que digam.
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Orlando,
Aqui no Rio a situação é parecida. Os trens da Supervia e do Metrô, concessões para empresas privadas de redes que antes eram públicas, param todos os dias. Basta sintonizar em um rádio de notícias qualquer para ouvir sobre paradas inesperadas, atrasos, fechamento de ramais inteiros. Uma vergonha. E o mesmo acontece também com o serviço de barcas. A agência reguladora estadual não faz absolutamente nada e o povo está a mercê das concessionárias.
O pouco que resta que ainda é explorado pelo Estado também não funciona. Basta lembrar do acidente com o bonde, em Santa Teresa. Ninguém foi punido, a população ficou sem o serviço e o secretário de transportes, Sr. Julio Lopes, responsável pelo bonde, pelas barcas, pelo metrô e pelos trens continua no mesmo lugar...
Abs
Julio