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A nova estratégia da Sony

Kazuo Hirai (foto), novo CEO da Sony Corporation, assumiu o cargo esta semana com uma série de desafios pela frente. O maior deles, o próprio Hirai reconhece, será reerguer a divisão de TVs. E isso passa por uma mudança de foco: a Sony não quer mais participar da “guerra de preços” desencadeada (e vencida) pelos fabricantes coreanos e chineses; prefere agora se concentrar em produtos premium, que acrescentem tecnologia e gerem lucro.

Na verdade, seu antecessor, Howard Stringer, tentou fazer isso nos últimos cinco anos, mas sem sucesso. Talvez por ser originário da área de entretenimento (foi o homem que construiu a Sony Pictures), Stringer não era bem visto pelo pessoal da área técnica. Não conseguiu convencer os engenheiros japoneses a investir em produtos de alta tecnologia para conquistar fatias de mercado pequenas, porém lucrativas. Ano após ano, a Sony lançou e abandonou ideias inovadoras e interessantes, como os TVs OLED (foi pioneira ao lançar o modelo de 11″, em 2007), as caixas acústicas transparentes Sountina (primor de design) e os sistemas de áudio com conexão direta à internet, capazes de melhorar a qualidade das gravações em MP3.

No caso específico dos TVs, a Sony – que sempre foi benchmark – deixou de conquistar os prêmios das principais publicações internacionais, algo que o velho Akio Morita prezava com toda a paixão. Hirai, 51 anos, 20 deles vividos nos EUA (fala inglês fluente, ao contrário da maioria de seus colegas), traz no currículo o sucesso estrondoso da plataforma PlayStation, projeto que comandava até o mês passado. Já avisou que vai tentar reverter o quadro. “Temos muito que fazer, principalmente no setor de TVs”, disse ele num evento em Las Vegas, em janeiro. “O modelo que deu certo com o PlayStation pode ser retomado, mas em outras bases. O que sabemos é que hardware e software precisam cada vez mais caminhar juntos”.

O primeiro passo para a mudança foi dado no ano passado, quando Stringer, aconselhado por Hirai, decidiu terceirizar para a China a maior parte da fabricação de TVs. Teoricamente, isso permitirá manter preços competitivos nas linhas básicas de produtos e reduzir os prejuízos dos últimos anos. O segundo, já em andamento, é buscar parcerias ao estilo Apple: a Sony desenha, desenvolve, contrata os fornecedores de componentes e manda montar os produtos fora do Japão, mas sem abrir mão do controle de qualidade e do acabamento final.

Um dos testes dessa nova estratégia será justamente o OLED. Como se sabe, a LG já confirmou que irá lançar o produto este ano, enquanto Samsung e Panasonic prometem para o ano que vem. Em termos de imagem, seria desastroso para Sony – pioneira nessa tecnologia – ficar fora da disputa. A saída foi um acordo com a chinesa AU Optronics, que possui uma das maiores fábricas de displays do mundo e planeja construir outra, maior ainda. Não foram revelados detalhes da parceria, mas engenheiros da Sony já estão na China trabalhando no projeto.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • "O que sabemos é que hardware e software precisam cada vez mais caminhar juntos".

    O caminho da Sony para tornar isto realidade será bem longo. Recentemente o pessoal da Sony Brasil, questionado sobre a entrada do serviço gratuito de vídeo Crackle nas TVs e outros aparelhos da marca disseram não ter previsão. Não há sequer um app no PS3, mesmo nos EUA, onde é acessado pelo péssimo browser do aparelho. O Sr. Hirai vai ter que jogar duro pra fazer todas as partes da Sony perceberem que deveriam trabalhar juntas.

  • Está na moda terceirizar tudo para a China.Esse processo de desindustrialização em nível mundial(exceto na China onde o processo é o oposto)não tem como acabar bem.Quando só a China tiver industrias produzindo é claro que o resto do mundo terá que pagar o que os chineses quiserem(e não será pouco).Por hoje basta os "chinas" dobrarem seus preços para vermos afundar gigantes que nada fabricam,como a Apple e a Nike.Quem viver verá..

  • Muito interessante o comentário do sr. Rubens Miranda. Empresas que nada mais fabricam ficam "comendo na mão" dos chinas. E a hora que eles resolverem dar um boicote à fabricação desses produtos? Quem viver verá...

  • Só mais uma historinha:semana passada a tvde tubo da minha mãe faleceu definitivamente e,não adiantou eu oferecer qualquer das lcd que tenho paradas em casa,ela queria outra de tubo e com 14 polegadas.Procurei muito(elas quase não exstem mais,só sendo encontradas em lojas populares) Encotrei só uma,da marca Philco,comprei e ao chegar em casa,olhei na caixa e..advinhem:Produto fabricado na China.Nem isso mais,se fabrica no Brasil.

  • Infelizmente tudo vai passar a ser fabricado na China mesmo. Ou quase tudo. É praticamente impossível competir em matéria de preços e baixo custos com um país de um Bilhão de pessoas, em que se trabalha apenas pela comida e moradia. É quase um trabalho escravo mesmo, onde um tênis vendido aqui custa 350 R$, lá é produzido por 10 U$$. Vamos ver o que vai acontecer então. Duvido muito que seja coisa boa.

  • É muito bom saber que a alta direção da Sony, planeja recuperar sua participação no mercados de TVs. O caminho será longo e árduo. É injustificável, apenas para citar um exemplo, que a Sony desenvolva uma Tv de LED com caracteristicas de tela super fina, ( como da sua principal concorrente), e coloque os conectores no modo horizontal !!!. Aí, meu amigo, na hora de fixá-la na parede , haja espaçador ...

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