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Cidades (quase) digitais

Na semana passada, terminou o prazo dado pelo Ministério das Comunicações para cadastrar as prefeituras interessadas em participar do projeto Cidades Digitais. É uma boa ideia: selecionar algumas localidades para implantar serviços públicos avançados, usando meios eletrônicos, e a partir daí replicar a experiência para todo o país. Evidentemente, é impossível implantar algo do gênero de uma só vez em mais de 5 mil municípios. Mas é preciso começar de alguma forma.

Pelo visto, poucos prefeitos acharam isso importante: apenas 262 municípios se inscreveram, e agora o Minicom vai selecionar 80 deles para os projetos-piloto. A ideia é implantar infraestruturas de rede, para agilizar serviços nas áreas de saúde, educação, tributos e finanças. Funcionários dos municípios serão treinados e haverá até pontos de acesso gratuito à internet para uso dos moradores. Tomara que funcione.

O problema é que o Brasil já possui uma infinidade de planos voltados à implantação do chamado “governo eletrônico”. O site criado para isso pelo Ministério do Planejamento traz uma longa lista de atividades, que vão da banda larga às compras eletrônicas, passando pelo uso de software livre e o fornecimento de informações sobre as atividades governamentais. Na teoria, tudo perfeito. Você sabiam, por exemplo, que o Brasil possui um Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI), com validade para dois anos, a ser seguido por todos os ministérios, secretarias e empresas públicas? Clique aqui e veja como é fácil elaborar um plano desses, sem nenhum compromisso com a realidade.

Difícil acreditar que só porque agora está na internet, e todo mundo pode acessar, esse plano terá destino diferente de tantos outros. Basta lembrar que entre as diretrizes está a recém-aprovada Lei de Acesso à Informação, pela qual todo cidadão pode requerer dados dos órgãos públicos sem ter que explicar o que fará com eles. Nem bem a lei foi sacramentada pela presidente e já há um movimento interministerial para deixar de cumpri-la. Aqueles tais prefeitos que não se interessaram em tornar suas cidades digitais certamente são contra essa lei.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Muito boa a iniciativa. Como não temos saúde no Brasil, caso alguém fique doente, procure no Google o remédio! Se você não tem dinheiro para colocar seu filho em uma boa escola particular, mande ele aprender no computador! caso o assunto seja segurança, acesse sites de empresas aéreas pela internet e compre uma passagem só de ida para outro país...

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