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Parceria japonesa pelo OLED

O anúncio conjunto entre Sony e Panasonic, nesta segunda-feira, de que irão trabalhar integradas para desenvolver a tecnologia OLED é mais uma sinalização de que está mudando a mentalidade empresarial japonesa. Até anos atrás, uma associação desse tipo seria impensável. São duas das maiores rivais na história do país, e certamente as duas maiores responsáveis pelo sucesso dos produtos japoneses em todo o mundo a partir dos anos 1960 (conto as histórias de ambas em meu livro “Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo através da Tecnologia“).

A rivalidade, porém, às vezes precisa ser deixada de lado, nem que seja temporariamente, quando há um inimigo mais forte à espreita. É o que devem ter concluído os executivos dos dois grupos ao analisarem prós e contras dessa parceria. Os números não deixam muita margem a dúvidas. O último ano fiscal foi o pior de todos os tempos para ambos, com a Panasonic chegando ao ponto – inacreditável para uma empresa japonesa – de anunciar a demissão de 7 mil empregados.

O inimigo, como se sabe, são as empresas chinesas e principalmente as coreanas Samsung e LG, que roubaram a liderança no setor de eletrônicos com uma agressiva política de marketing e de preços. Há quem diga que foram mais eficientes que os concorrentes, até porque a maior parte dos componentes usados hoje pela indústria vêm da mesma fonte: as montadoras da China, que têm custo operacional infinitamente mais baixo. Tanto coreanos quanto japoneses (e também americanos, alemães etc.) se beneficiam da mão-de-obra barata chinesa. Sai ganhando, portanto, quem tem mais criatividade e agilidade, tanto no design quanto na escala e na logística de distribuição.

Seja como for, os grandes grupos japoneses parecem decididos a buscar a liderança novamente. O tema já foi bem analisado neste artigo e neste também. Como a batalha parece perdida no terrenos dos TVs LCD, a saída agora é pensar no futuro e investir antes da concorrência. A união entre Sony e Panasonic, cujos detalhes ainda não foram divulgados, visa especificamente a produção em massa de painéis orgânicos para TVs e monitores, inclusive de telas grandes. O plano é começar a produzir em 2013 para, quem sabe, entrar de fato no mercado de consumo em 2014. O grande desafio é baixar os custos industriais.

LG e Samsung já anunciaram que irão lançar seus modelos OLED este ano, mas a um custo estimado de US$ 10.000 (modelo de 55″, para o mercado americano). Segundo a agência Reuters, a LG trabalha com um dado interessante: o consumidor médio só passará a comprar esse tipo de TV quando o preço atingir a casa dos US$ 7.000 – claro, parte-se do princípio de que a maioria irá perceber as vantagens da tecnologia OLED, especialmente nos quesitos resolução, contraste e definição de cores.

Se Panasonic e Sony estiverem fazendo as contas com a mesma calculadora dos coreanos, já devem saber que terão de colocar seu produto no mercado por um preço final mais baixo do que esse.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Realmente,os japoneses são bem mais lentos que os coreanos.

    Sem considerar a Sony(marca que abandonei há mais de 10 anos,devido a um período de atrazo tecnológico de seus produtos no Brasil), a Panasonic,pelo menos aqui,parece que faz questão de não vender seus produtos.Há ceca de 6 meses,me cadastrei no seu site para ser avisado quando estivesse disponível sua plasma 65VT30.Ontem recebo e-mail avisando que o produto chegou.

    Ora!A 2 meses do lançamento da VT50,não quero mais a VT30!ressalte-se que as VT50 já estão há tempos à venda na América do Norte e aqui ainda demora pelo menos 2 meses,enquanto a Samsung se farta de vender sua série eE8000 ,lançada praticamente junto como resto do mundo,pois tudo que chega é logo consumido pelos "early addopters",enquanto a Pana parece o Brasil:"deitada eternamente em berço explêndido".Depois reclama dos prejuízos!

    Acorda,Japão!

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